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quinta-feira, 9 de março de 2017

Indecoro, Se as mãos de muitos políticos estão sujas, ao menos limpem a língua. Com muito sabão!






Indecoro, Se as mãos de muitos políticos estão sujas, ao menos limpem a língua. Com muito sabão!

Revista ihu on-line

23 Fevereiro 2017

“O decoro surgiu na Grécia e recebeu um nome: Aidós. Trata-se da vergonha imposta a quem não se comporta em público. Penas severas eram aplicadas aos que, por educação falha ou vício de caráter, desrespeitavam os cidadãos de Atenas. Sem a vergonha os valores democráticos empalidecem porque o corpo e a língua indecorosos mostram que a lei foi corroída pela selvageria”, escreve Roberto Romano, professor, filósofo e autor de ‘Razão de Estado e Outros Estados da Razão’, em artigo publicado O Estado de S. Paulo, 23-02-2017.

Segundo ele, “o representante não pode tratar os cidadãos como crianças. Ele deve ser o portador de uma gravitas dicendi. “Suruba”, “canalha” e quejandos são termos levianos. A boca suja pode ser aceita entre malandros, na sua vida íntima. Mas na língua de quem decide sobre os bens públicos, com repercussões vitais sobre o País, semelhantes vocábulos indicam apenas... levitas indigna de qualquer democracia”.

Eis o artigo.

Quando a realidade política e social se degrada e atinge o insuportável, o discurso apodrece, evidencia sinais de morte. As formas administrativas do Brasil agonizam. Contra o que dizem muitos colegas da universidade, seguidos por inúmeros jornalistas, discordo da tese segundo a qual as nossas instituições “funcionam normalmente”. A menos, claro, que o critério da normalidade seja o hábito de formar quadrilhas para o roubo das riquezas físicas ou espirituais de um povo.
Mesmo em situações de crise a instituição e os indivíduos que a manejam devem manter o decoro. Esse é um cálculo difícil. Um gramático inglês do século 16 exemplifica: se a duquesa vai à corte, ela não pode usar roupas mais brilhantes do que a rainha. Mas se a mesma pessoa usa vestimentas inferiores às de suas iguais, é indecorosa. No cálculo do aceitável em sociedade, consideram-se o corpo próprio e os demais. E cada um merece tratamento relativo à sua dignidade.

O decoro surgiu na Grécia e recebeu um nome: Aidós. Trata-se da vergonha imposta a quem não se comporta em público. Penas severas eram aplicadas aos que, por educação falha ou vício de caráter, desrespeitavam os cidadãos de Atenas. Sem a vergonha os valores democráticos empalidecem porque o corpo e a língua indecorosos mostram que a lei foi corroída pela selvageria.

Na Idade Média o decoro foi retomado pelos monges. A roupa e os gestos não poderiam depor contra um religioso que, supostamente, tinha optado pela pobreza. Frades vestidos como barões eram a prova de que os votos sagrados haviam sido desobedecidos. Daí o uniforme das ordens, sem enfeites de prata, ouro, pedras preciosas. A “dama pobreza”, segundo Francisco de Assis, exige que seus pretendentes vivam como ela, vestida apenas pela graça divina. A língua deveria seguir a mesma regra.

Da Renascença em diante, o decoro passou a nortear as palavras, as roupas, os gestos dos reis, dos nobres, dos burgueses. Ele é um exercício de respeito aos outros e meio de garantir o respeito a si mesmo. Quem não tem prerrogativas, mas quer exercê-las, é indecoroso. Um hóspede que toma o papel da dona da casa, indicando aos demais o lugar onde devem tomar assento, é indecoroso. E se a anfitriã deixa o indiscreto fazer o gesto inconveniente, ela é indecorosa. Sua prerrogativa não deve ser negada sequer pelo marido, pelos filhos, pais, etc. Se um bispo comum, numa visita papal, ousa dar a bênção Urbi et Orbi... ele não apenas enlouqueceu, mas seu ato é indecoroso.

Uma regra que ajuda a decidir as inclinações à moda chinesa, quando pessoas estão diante da porta: não é a mais jovem, mais bonita, mais velha a ceder a passagem. Dá o lugar quem o possui. Se o mais jovem é presidente da República, ele cede a passagem, primeiro aos velhos, depois às mulheres, depois aos demais. Não é falta de respeito um inferior na escala governamental passar primeiro. É indecoro do que detém o mais alto cargo não ceder a passagem, mostra que ele ignora a etiqueta e as verdadeiras prerrogativas do seu posto.

Assim, na escrita, diz o citado gramático inglês do século 16: se um autor não usa imagens no texto, é indecoroso por desprezar a fantasia e o gosto do leitor. Se as usa aos borbotões, é indecoroso, pois despreza inteligências e culturas. O poeta decoroso jamais dirá algo como “a face rosada e fina do general”. É indecente um general ter faces que só cabem às crianças e às raparigas em flor.
Se uma autoridade quer ser respeitada, deve respeitar o povo (que fica chocado com palavrões e outras marcas de indecoro). Certas falas devem ser evitadas. Não por causa do hipócrita “politicamente correto”. Trata-se de algo sério. Os reitores são “magníficos”, mesmo se não ostentam magnificência. A comunidade acadêmica é a proprietária do título, usado em seu nome. Deputados, senadores, edis são “excelentíssimos” não porque sejam dotados de excelência. O título pertence ao soberano, o que possui a maiestas, termo latino para designar o ente mais elevado no coletivo. Na monarquia, a maiestas é apanágio do rei, que usa o título em nome do povo. Na democracia é o próprio povo que a empresta, a cada eleição, aos representantes. É assim que o decorum exige tratar o povo com respeito. Não por “boa educação”, mas por subordinação da “autoridade” diante de quem a “autoriza”. E a regra funciona para todos os Poderes, incluindo o Judiciário e o militar. Sem tal respeito, temos larápios da soberania, não representantes.

A expressão “soberania popular” e o termo “majestade” incomodam ouvidos indecentes. Mas eles permitem reconhecer a força das normas democráticas. Somos herdeiros do mundo grego e latino em práticas e valores. O Direito e a política não fogem à regra. No Estado moderno as ideias de soberania e majestade, contra o exercício ditatorial ou aristocrático do mando, aplicam-se à totalidade dos cidadãos (Thomas, Y., L’Institution de la Majesté, em Revue de Synthèse, julho/dezembro de 1991).

Faltar com o decoro diante da maiestas é destruir a fé pública. Um político não tem o direito de ser leviano. Seu ofício exige ponderação, a gravitas. Para os romanos, a gravitas comanda uma atitude “que não se curva em proveito do sucesso político passageiro" (Yavetz, Z., La Plèbe et le Prince).

O representante não pode tratar os cidadãos como crianças. Ele deve ser o portador de uma gravitas dicendi. “Suruba”, “canalha” e quejandos são termos levianos. A boca suja pode ser aceita entre malandros, na sua vida íntima. Mas na língua de quem decide sobre os bens públicos, com repercussões vitais sobre o País, semelhantes vocábulos indicam apenas... levitas indigna de qualquer democracia.

Se as mãos de muitos políticos brasileiros estão sujas, que eles pelo menos limpem a língua. De preferência com muito sabão.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Roberto Romano: A mulher e a Desrazão Ocidental.

Roberto Romano: A mulher e a Desrazão Ocidental.

O texto abaixo foi publicado pela primeira vez no Folhetim da Folha de São Paulo, em 03/04/1987, pp. 5-7. Depois integrou a coletânea intitulada Lux in Tenebris (Unicamp/Cortez, 1987). Eu o copiei e o publico neste Blog, com alguns acréscimos, sobretudo nas referências bibliográficas. Acho que num país onde as mulheres ainda são massacradas pelos seus maridos, namorados, amantes, e onde o machismo  impera no Estado (nas suas três faces, Executiva, Legislativa, Judiciária), é preciso pensar sobre as raízes venenosas que nutrem semelhante cultura da morte. Nada falo de fanatismos exteriores ao pensamento cristão. Creio que os fatos, nas estruturas sob o controle supostamente islâmico, são tão graves quanto os vividos no catolicismo ou protestantismo. Mas genocídio é genocídio, qualquer que seja o símbolo que o justifica, se a cruz, se o crescente. RR
A mulher e a desrazão ocidental
Roberto Romano
“Chamamos contra a natureza o que ocorre contra o costume (…)
Que esta razão universal e natural expulse de nós o erro e
o espanto trazidos pela novidade”(Montaigne, D’un enfant monstrueux).
Razões e lógica não raro engendram monstros. Acostumados a certas identificações entre figura e fundo, os virtuosos eternizam sínteses efêmeras ao produzirem atos e falas. Controlando o mutável, o intelecto agarra todas as manifestações espirituais alheias às normas. Heidegger: nas sociedades onde se olvidou o Ser e o tempo o mando impiedoso do “se” opaco define as relações dos humanos entre sí e com a natureza. Face ao inesperado, surgem gargalhadas mordentes e recusa espantada, ironia voraz e anátema fanático. Reações conformes à regra impessoal e absurda : aqui “nós” pensamos assim.
Definidas as formas corretas, desviantes são lançados no registro da morte e doença. Vítimas propiciatórias, cuja missão é corrigir o curso normal da existência. Para acalmar a sede inesgotável de segurança, que permeia as dobras da alma ocidental e cristã, foi preciso produzir para tudo, e todos, um “significado” estável. A doença, como a monstruosidade, arranca o filistino deste conforto ideal, ameaçando seu Ego pequeno com a pura insignificância do zero absoluto, a morte. Com ela, ficam claras as linhas assintóticas que deslizam entre forma e conteúdo, fazendo a vida inteira brotar como infinita surpresa, anamorfose.
Vemos hoje, ao lado das habituais presenças da morte, a desagregação causada pela AIDS. Atingindo sua pessoas que sempre estiveram for a das trilhas oficiais, da “normalidade”, sua irrupção espalha o terror entre os apologetas do costumeiro e da moral. Os seus portadores são empurrados para o deserto, carregando todas as angústias sociais. Não comovem as iniciativas eclesiásticas para instalar um hospital isolado, visando ao tratamento dos novos monstros: “o religioso”, diz René Girard, visa sempre o controle da violência, impedindo-a de se desencadear”. Administração das fobias populares, não significa abolir seu perigo latente. Pelo contrário: o poder religioso, com seus mandamentos terroristas, gera fúrias punitivas. Controlando racionalmente os impulsos primitivos, o padre define limites para a tolerância caridosa, mas idealiza a figura do Outro a ser expulso pelos zelotas. Quando a loucura coletiva escapa das mãos ungidas ( e untuosas), o Estado assume o comando do sacrifício ritual. Sacralidade identifica-se com separação.
Sábias frases de Girard: “o relacionamento entre a vítima potencial e a vítima atual não deve ser definido em termos de culpa ou inocência. Nada há para ser ‘expiado’. A sociedade procura desviar, em direção a uma vítima indiferente, vítima ‘sacrificável’, a violência que ameaça ferir seus próprios membros, os que ela pretende proteger acima de tudo”. Lí, recentemente, o seguinte comentário: “Se não for controlada, a AIDS destruirá toda a humanidade antes do século 21. O governo, com a dengue, mata os mosquitos e não busca ‘compreendê-los’. Com a AIDS o mesmo deve ser feito. Urge extinguir os homossexuais, os drogados, etc.”. Tamanha solicitude encontra-se numa revista protestante que, por ironia, chama-se Palavra da Vida.   
Se a norma fosse o horror, a própria identidade, hoje costumeira, seria um acaso na voragem do existente. Puro jogo, racional e irracional. O que fascina no monstro é seu desafio à percepção estulta do necessário. O ser que está aí, na sua irredutível diferença, não é passível de justificação lógica. Diante dele o discurso se esgarça, perde o sentido. Surge o desejo e a inveja: ele não está preso pelo banal, o bom senso cotidiano, o “se”.
O medo, o pavor da morte em vida, o desespero do lugar comum se desdobram, face ao monstruoso, em delírio povoado por fantasmas. A maneira estranha de corpos e ações impressiona o intelecto pelo artifício da memória e do sonho. Esmaecem as fronteiras entre consciência e alienação, tempo e espaço, masculino e feminino. As palavras adquirem a superfície singela do físico, de sons que, reunidos, significam o Nada.
Pergunta Hamlet: “que é um homem?”. Única resposta possível : “a beast, no more”. A razão pode ser dita de muitos modos, bem como a necessidade por ela determinada. São tênues os cordões entre o mais refinado convívio democrático e a violência tirânica dos humanos, sem nenhuma exceção, salvo a dos hipócritas:
                                               
Parecemos alegres, mas no fundo somos todos mal-humorados, e temos grande apetite. Lobos não são mais esfaimados; tigres são menos cruéis. Devoramos como lobos (…) como tigres, tudo o que é bem sucedido (Diderot. O Sobrinho de Rameau).
O próprio diabo teme a racionalidade quando exercida para a destruição do Outro : “Er nenn’ts Vernunft und braucht’s allein, Nur tierischer als jedes Tier zu sein”. (Goethe, Fausto).
Estas reflexões sobre o monstro e a necessidade, a inteligência nos seus brilhos e sombras, o natural e o costumeiro  physis e nomos  surgem ao considerarmos certos homens e mulheres jogados a toda hora no fogo propiciatório. Refiro-me aos indivíduos denominados Aussenseiter por Hans Meyer: o judeu, a mulher, o homossexual. Os três foram estigmatizados pela marca da monstruosidade, perseguidos pelas inquisições e também pela política totalitária. As maneiras de seu holocausto variaram. Mas o ímpeto de abafar, de forma racional, sine ira et studio, sua existência ameaçadora, se origina já nas primeiras representações masculinizantes do Ocidente, potenciando-se com a unidade entre o Logos da Grécia e a catequese cristã.
No Simpósio sobre a Inquisição, cuja primeira parte já se efetivou em Portugal (a segunda se realizará brevemente no Brasil), muito se falou, e se discutirá, sobre a razão eclesiástico-estatal e seus perseguidos. Muita luz será lançada em pontos sórdidos do catolicismo, várias hermenêuticas serão revistas, documentos encontrarão explicações mais concretas. Comunicações sobre os judeus, os heterodoxos sexuais, as mulheres acusadas de bruxaria, serão lidas e publicadas para refrescar a memória das bestas feras e para reconforto dos humilhados.
Evocando o signo da monstruosidade, agora, pretendo apenas chamar a atenção para as figurações lógicas do Necessário, tecidas pelo pensamento masculinizante e suas consequências terríveis, sobretudo para as mulheres. Não por acaso as bruxas serviram como alvo exemplar na moderna domesticação feminina. Os famosos K (Kirche, Küche, Kinder), símbolo do nazismo, não caíram na Alemanha e no mundo como raio em dia claro. Tiveram atrás de si uma lenta e cruel elaboração teórica que, somada à disciplina costumeira e às injunções da fé, encerrou as mulheres nos estábulos da moralidade viril, enquanto seus parceiros de exclusão foram arrastados para os campos e fornos crematórios.
Os monstros, diz o crítico contemporâneo, não brilham sob a luz do imperativo categórico kantiano: sua atividade não se converte em norma universal. Assim, ou é preciso pensar o próprio estatuto da teratologia ou identificá-la ao Todo natural, predicando-lhe essencialmente a falsidade. O regular, no humano, é apenas aparente.
Consta a humanidade (…) só de elementos igualitários, homens, mulheres, raças, complexos espirituais, corporais, anímicos? Ou mais exatamente: os monstros de toda espécie entram na Humanidade de forma que também para eles esteja destinada a luz da Aufklärung? Esta fracassou, até hoje, diante desta antinomia. Falhou face aos marginalizados (Hans Mayer).
O mesmo Kant, que defendeu a saída corajosa da Humanidade de seu estado infantil, menor, mantém este último para a mulher, assim definindo seu estatuto:
Para a (…) indissociabilidade de uma união, o encontro ocasional de duas pessoas não basta; um elemento deve  submeter o outro, e, recíprocamente, deve ser superior para poder comandar e governar (…)  a mulher, pela faculdade natural de submeter-se à inclinação que o homem tem por ela e a governar  (Antropologia do ponto de vista pragmático). ([1])
O controle utiliza a máscara da natureza. Se há repressão do mais forte sobre o mais fraco, é culpa da sábia Natura. Se quisermos modificar este ponto, loucos seremos nós.
Sigo a citação do famoso iluminista:
Não é possível caracterizar o sexo feminino pelo fim que propomos a nós mesmos, mas servindo-nos do fim da natureza, na constituição da feminilidade; uma vez que este fim, por meio da loucura (Torheit) dos homens, deve ser sabedoria segundo as intenções da natureza, estes fins supostos poderão servir para indicar o princípio desta característica : este princípio não depende de nossa escolha, mas de uma intenção mais elevada relativa à sexualidade humana. Trata-se: a) da conservação da espécie; b) da cultura da sociedade e de seu refinamento pela feminilidade. (op. cit). ([2])
Se há um plano onde não ocorreu a “revolução copernicana”, é este. Ainda notamos, aqui, a sombra de um ente exterior , a “natureza”, intrometendo-se nas relações dos sujeitos humanos. Neste palimpsesto filosófico revela-se, sob a camada crítica, a doutrina aristotélica dos “fins naturais”e sua meticulosa necessidade interna.
Lembremos a Física: “Natural é aquilo que tem em si mesmo um princípio de movimento ou de fixidez, uns quanto ao lugar, os outros quanto ao crescimento ou diminuição” ([3]) O perfeito possui em si mesmo o seu próprio fim. Que significa o vocábulo “mulher”? A resposta carregada pelo saber masculino foi dada de modo interrogativo e maroto por Rabelais: “o que faz o lobo sair do bosque? Falta de carne. O que torna as mulheres rebeldes? Vós me compreendeis muito bem”. A mulher não se pertenceria, sendo submetida aos movimentos das paixões que nela se agitam de acordo com a sua natureza geradora, “para o bem da espécie”.
A essência da mulher seria uterina. A matriz genital engendra humores:
Quando o flegma ácido ou salgado, ou quando humores amargos e biliosos, quaisquer que eles sejam, erram pelo corpo sem encontrar uma via de escape e, girando pelo interior o impregnam fortemente com sua humidade, misturando-se uns aos outros (…) produzem doenças de toda espécie na alma, mais menos fortes, mais ou menos numerosas”(Galeno).
Considerada a sua peça mais importante, a doença feminina por excelência é a histeria, “sufocação da matriz”. Em Aristóteles o útero é o orgão essencial da mulher. Mas ele nao produz semente fértil, pois a mulher gere e não gera o embrião. Procriar um garoto é sinal de perfeito acabamento. Já o contrário…([4]) Não se trata apenas de uma antropologia, mas de um sistema masculinizante que abrange o universo. Aristóteles explica: os termos “macho”e “fêmea”usados pelos homens comuns para designar o cosmos mostram bem que “a natureza da terra é algo feminino e por isto ela é chamada ‘mãe’. Eles dão ao céu e ao Sol e tudo o mais desta espécie o título de ‘gerador’ e ‘pai’ (Geração dos Animais, 716a). ([5])
O macho possui o princípio (arché) do movimento e da geração. A fêmea, o princípio da matéria (hylé). O macho gera em outro, a fêmea em si mesma. Assim, macho e fêmea diferem segundo seu próprio logos. Na fêmea a parte especial é o útero e no macho os testículos e o pênis. Dedução política da taxinomia: o homem é superior à mulher pelo uso do logos. “A relação do macho face à fêmea é naturalmente a de superior para inferior, o macho é o governante, a fêmea é súdito” (Política, 1254b). No mesmo trecho, o filósofo estabelece relação homóloga entre senhor e escravo. ([6])
A fêmea fornece a matéria, o macho a forma. A matéria cobiça a forma (a natureza busca o melhor…) “como a fêmea deseja o macho e o feio, o bonito”(Física, 192a). ([7]) A semente masculina supre o princípio ativo da geração e da alma racional e sensitiva. A mulher, macho infértil ou “macho deformado” tem descarga menstrual que é sêmen “em condição impura; falta-lhe um constituinte e um apenas, o princípio da alma” (Geração dos Animais, 737a) ([8])
Na Idade Média Santo Alberto Magno afirma : para a produção de um feto masculino, semelhante ao pai, é preciso “uma vitória total da semente viril sobre a matéria feminina”. O tema é tratado nas “Questões sobre os animais”. ([9]) Para Tomás de Aquino a mulher (mas occasionatus, homem falho) é naturalmente sujeita ao homem porque neste último predominaria a faculdade racional. Deus, em sua sabedoria, deixou o homem livre para perseguir fins intelectuais, superiores à capacidade da mulher. “Nisi ergo esset aliqua virtus quae intenderet femineum sexum, generation feminae esset omnino a casu, sicut et aliorum monstrorum”. (Questiones Disputatae De Veritate 5, 9, d. 9) Ou seja: “Se não fosse por algum poder que trouxe o sexo feminino à existência, o nascimento da mulher bem poderia ser um outro acidente, como o dos monstros”. ([10])
O homem é em si e para si, a mulher é apenas em outro. Logo, trata-se de um ser imperfeito definido por uma das suas partes. Famosa é a distinção do tratado hipocrático De locis in homine, 47 : “o útero é a causa de todas as doenças da mulher”. ([11]) O aforismo percorreu todo o saber médico até data recente. Se abrirmos o livro de Frei Antonio de Fientelapeña, El ente dilucidado, tratado de monstruos y fantasmas (1676), veremos o frade refutando uma opinião espalhada em seu tempo. Poder-se-á instar, diz ele, “que também a mulher é monstro e prvá-lo assim: a causa de uma coisa monstruosa segundo Aristóteles (…) provém de não alcançar a natureza seu fim perfeitamente, que é o de engendrar cada um o seu semelhante, de sorte que, não o alcançando, é monstro o que se engendra segundo aquela parte em que se diferencia de seu princípio. As mulheres não chegam à perfeição de seu gerador que é o homem. Logo, de algum modo, elas são monstros”. ([12])
Embora negando tal extremo o religioso citado aduz, em poucas palavras que o
Sexo masculino é mais perfeito (…) pois a mulher está sujeita ao varão e não o contrário, e as mulheres são incapazes para o sacramento da Ordem por direito divino (…) isto é tão certo que alguns quiseram dizer que na Ressurreição geral, toda a linhagem humana ressuscitaria no sexo viril… (idem).
Rondibilis, personagem de Rabelais, diz o seguinte das mulheres:
Platão[13] não sabe em que lugar devemos colocá-las: ou entre os racionais ou entre as feras; pois a natureza lhes colocou no interior do corpo (…) um animal, um membro não possuído pelos homens. Nele, algumas vezes se engendram ceros humores nitrosos (…) acres, mordentes, lancinantes, que coçam com amargor. Por sua picada dolorosa (…) todo o corpo é abalado, tomados todos os sentidos, todas as afecções substituídas, todos os pensamentos confundidos; se a natureza não lhes tivesse colocado sobre o rosto um pouco de vergonha, vós a veríeis correr (…) como nas Bacanais… ([14])
Histéricas, as mulheres vivem para o acasalamento, onde encontram cura para seu mal, sob domínio do corpo e da fala masculinos. Dito já recolhido por Jean de Meung de forma satírica: Toutes estes, serez ou futes/ De fait ou de volonté putes. Doutrina da histeria já enunciada pelos egipcios, vinte séculos antes de Cristo e ampliada nos seus “refinamentos. Cura proposta por Ambroise Paré no século 16 de uma histérica: “Tire-se os cabelos de suas temporas e os localizados atrás do pescoço ou então o das suas parte vergonhosas, a fim de que não apenas ela seja despertada mas ainda que, pela dor excitada embaixo, o vapor que sobe para o alto e a sufoca seja retirado e trazido para baixo por revulsão”. O autor que cita uma longa série desses tratamentos  assim se exprime de forma distinta:
Claro, esta concepção da doença histérica nos parece insólita –e no entanto a cura que ela sugere vale mais do que as fogueiras das bruxas acesas às centenas no momento em que surge a obra de Ambroise Paré. Além disso, sob uma forma simplificada este tratamento durou até o século 20. Os vidros de ‘sais’amoníacos que toda mulher do mundo deveria ter em caso de vapores, nada mais eram afinal em seu princípio ativo do que as ‘velhas urinas’ que Areteu da Capdócia aplicava nas narinas de suas pacientes, no primeiro século de nossa era.([15])
Constatação banal: nos últimos dias do século 19 os Annales médico psychologiques trazem novas figuras do tratamento. Não mais agir sobre o útero, mas causar terror na sua proprietária:
Se ameaça, com efeito, a doente de lhes colocar ferros em brasa nos ovários, indo até, para garantir a ilusão, a lhe aplicar sobre o abdomem o cautério, ‘subrepticiamente esfriado’(idem).
Se esta é a concepção do espírito do renascimento e na da modernidade “progressista”, por que o espanto se, em 1486, na pena dos inquisidores dominicanos a mulher é considerada como a principal acolhedora do demônio enquanto feiticeira, justamente devido ao seu fraco intelecto e à sua excessiva luxúria? Assim diz o Malleus Maleficarum, uma das grandes manchas na história do catolicismo: “toda feitiçaria nasce da luxúria carnal e esta, nas mulheres é insaciável. Leia-se Provérbios XXX : ‘Há três coisas que nunca estão satisfeitas’ sim, e uma quarta que não é dita, e que é o bastante, a lingua do ventre. Para satisfazer sua luxúria elas unem-se sempre com os diabos”.  Como discute Brian Easlea parafraseando o Malleus : “os demônios são onipresentes. Em particular como súcubos eles visitam os feiticeiros masculinos à noite, e de cujo sêmen usam, agora como íncubos, para impregnar fêmeas feiticeiras e, pois, aumentar o número dos servos de Satã”. ([16])
A conclusão genocida e religiosa (nos século 16 e 17 os crimes de feiticaria imputados às mulheres produziram mais condenações à morte do que todos os demais crimes reunidos)  recolhe toda uma sistematização racional sobre a mulher, sua essência e qualidade. Mas, como ainda mostra Brian Easlea, trata-se de uma ratio masculinizante mais do que machista. Não se reúnem naquela fala apenas o preconceito e a truculência, ditados por conjunturas das várias sociedades e suas experiências econômicas ou políticas/ É uma fria forma mentis transformada em transcendental, verdadeiro a priori nos livros e atos modernos. Mesmo Trevor Roper, tão preocupado em denunciar o terror inquisitorial, aceita sem maiores prudências a tese da histeria na versão de Vicente de Moray para explicar a bruxaria. “O diabólico íncubo é apenas a forma do século 16 de um tipo de histeria sexual, familiar para todo psiquiatra do século 20”. Ou então
No passado, os neuróticos e histéricos da cristandade centralizaram suas ilusões ao redor da figura do Diabo, como os místicos centralizaram as suas ao redor de Deus ou Cristo ([17])
Este conjunto ideal tornou-se avassalador pela aceitação feminina de sua própria figura, astuciosamente construída pelo homem:
A imagem da mulher significa a imagem masculina que a mulher toma, aceita voluntariamente e imita, até o ponto de poder apresentar, de fato, esta imagem para si mesmam como se ela fosse a imagem feminina. (Hans Mayer, comentando o livro de Pascal Lainé, La femme et ses images).
Da cosmologia masculinizante à antropologia que assegura a forma feminina como imperfeição, seguindo-se a consequência violenta de sua minoridade politico-social e sua constante qualidade de ente adoecido, histérico, chegamos ao Malleus maleficarum. Nada há, substancialmente que separe a recta ratio do fanatismo praticado por machos responsáveis pela purificação mental e corpórea do gênero humano. Isto foi justificado por filósofos, de Aristóteles até Kant. Sobre este último diz certeiramente Gérard Lebrun:
Com efeito, como poderia a razão orientar a ação humana, se não propusesse a esta última pelo menos o equivalente de uma certeza teórica? É justamente isto que torna tão ambiguo, em Kant, o estatuto da ‘existência de Deus’ ou da ‘imortalidade da alma’ enquanto postulados práticos. Certamente, já não se trata de enunciados teóricos, mas de enunciados pseudo-teóricos são autorizados pela razão prática. O que não temos direito de afirmar teoricamente, diz Kant, devemos pelo menos admitir como real em função do interesse prático. ([18])
O que diz Lebrun sobre “Deus” ou “imortalidade da alma”, pode ser enunciado para o estatuto da mulher na Antropologia kantiana. Trata-se certamente de fórmulas pseudo-teóricas mas com uma história muito antiga. Aliás, serve também para nosso assunto a conclusão que tira Lebrun da estranha idéia de uma razão prática: “A este respeito”, diz ele, “podemos nos perguntar se a idéia de ‘postulação prática’ não contem em germe a justificação de muitos fanatismos. O que é um fanatismo senão o fato de aceitar a contaminação da teoria pelo interesse prático?”. O teólogo, canonista e intelectual formado na escola aristotélica, Kramer, autor do Malleus, bem poderia responder a esta interrogação….
Entre a austera filosofia de Aristóteles e suas consequências, se estabelecem atos loucos, estarrecedores recolhidos por Trevor-Roper, Robert Mandrou, Keith Thomas, Norman Cohn e todos os autores sensíveis e inteligentes horrorizados com o crime definido e feito em nome da Fé e da Razão por sacerdotes da Igreja e de certa ciência. Nem todos pensaram e agiram deste modo. Mas o “nós”, o costume, garantiu a predominância do maior número. E não foi só no registro filosófico ou histórico que tal misoginia trouxe graves consequências. Basta ler os escritos de Mario Praz (La carne, la morte e il diavolo nella litteratura romantica), Shoshana Felman (La folie et la chose littéraire, e também Le scandale du corps parlant), Hans Mayer (Aussenseiter). Alí, de forma plasticamente superior discutem-se as metamorfoses do monstro sem alma (como quer Aristóteles)  nas figuras de Judite, Dalila e Salomé ([19]) passando por Lady Macbeth, Joana d’Arc e atingindo Lulu, todas mulheres vampiro (este, como a fêmea na sabedoria masculinizante, vive em outro, sua vítima), do teatro e cinema.
Hoje, no Brasil, as mulheres buscam definir seu espaço político. Não se animem as inteligentes que nesta tarefa pretendem encontrar alguma ajuda na filosofia “dialética”. Basta abrir a Filosofia do Direito hegeliana, escrita situada entre as mais tolas da razão ocidental, para perder as ilusões.
Se as mulheres estão no ápice do governo, o Estado corre perigo pois elas não agem segundo as exigências do Universal mas segundo inclinações e opiniões contingentes. A formação das mulheres se faz, não sabemos bem como, por impregnação da atmosfera difundida pela representação, ou seja, mais pelas circunstâncias da vida do que pela aquisição de conhecimentos. O homem, ao contrário, só impõe a si mesmo pela conquista do pensamento e numerosos esforços de ordem técnica. (§ 166, nota).
A irmã de Hegel enlouqueceu. “Ela acreditava ter-se transformado num pacote que, selado, seria posto no Correio; a cada vez que percebia um estranho, tremia com todos os seus membros; terminou jogando-se na água”. ([20]) Com semelhante irmão, este era o único fim previsível. Hoje, felizmente, o eixo da racionalidade inclina-se para as mulheres. Resta esperar que elas não o forcem demasiado, para si. A reação poderá ser violenta, como a definida em dois mil anos de racionalismo cristão, em conúbio com a tese aristotélica da vida. E da morte…
Roberto Romano da Silva
Professor do Departamento de Filosofia, Unicamp.


[1] “Zur Einheit und Unauflöslichkeit einer Verbindung ist das beliebige Zusammentreten zweier Personen nicht hinreichend; ein Theil musst dem andern unterworfen und wechselseitig einer dem andern irgendworin überlegen sein, um ihn beherrschen oder regieren zu können”.
[2] “Mann kann dadurch, dass man, nicht was wir uns zum Zweck machen, sondern was Zweck der Natur bei Einrichtung der Weiblichkeit war, als Princip braucht, zu der Charakteristik dieses Geschlechts gelangen, und da dieser Zweck selbst vermittelst der Thorheit der Menschen doch der Naturabsicht nach Weisheit sein muss: so werden diese ihre muthmasslichen Zwecke auch das Princip derselben anzugeben dienen können, welches nicht von unserer Wahl, sondern von einer höheren Absicht mit dem menschlichen Geschlecht abhäng. Sie sind 1. Die Erhaltung der Art, 2. Die Cultur der Gesellschaft und Verfeinerung derselben durch die Weiblichkeit”.  
[3] Livro II, 192b in Aristote, Physique (Paris, Belles Lettres, 1952), p.58.
[4] Knibiehler, Yvonne e Fouquet, Catherine : La femme et les medecins (Paris, Hachette, 1983), p. 33.
[5] Cf. Aristotle, Generation of animals in Loeb Classical Library, V. XIII (Cambridge, Harvard University Press, MCMLXXIX), p. 10. “Segundo Aristoteles (Geração dos animais, 716a, 727a–729b, 765b) a fêmea proporciona não só espaço mas também a matéria para o desenvolvimento do embrião. Esta matéria, no entanto, é vista como totalmente passiva;  o macho supre o princípio do movimento e da vida. A geração ocorre quando o ingrediente ativo, o sêmen, entra em contacto com o sangue menstrual e dá forma a este material inerte. A criança, diz o filósofo, pode ser dita originária do pai e da mãe apenas no sentido de que uma cama tem origem no lenho e no carpinteiro. Esta análise do processo reprodutivo é baseado na crença aristotélica sobre a inferioridade essencial da mulher: ‘a mulher é um macho infértil. Ela é mulher, de fato, devido a um tipo de inadequação’(Geração dos Animais, 728a). Blundell, Sueli : Women in Ancient Greece (Harvard University Press, 1995) p. 106
[6] Todo o contexto elogia a dominação do homem sobre animais, escravos, mulher. A passagem inteira fala da vantagem para o dominado (corpo, animal, escravo mulher) em ser dominado. Cf. Política, I, II, 9-13, 1254b:  Aristotle Politics in Loeb Classical Library, V. XXI, pp. 20-21. Cf. Easlea, Brian: Witch-hunting Magic & the new philosophy, an introduction to the debates of the scientific Revolution, 1450-1750 (Sussex, Harvest Press, 1980). Retiro a maior parte destes pontos daquela obra.
[7] Cf. Stephen David Ross: The gift of touch: embodying the good (Albany, State of New York Press, 1998). p. 60 e ss.
[8] Cf. Aristóteles, Geração dos Animais in Loeb Classical Library, XIII, pp. 174-175. Cf. Allen, Prudence: “Woman as infertile, imperfect and deformed man”in The concept of Woman, the aristotelian revolution, 750B.C. –A.D. 1250 (Michigan, B. Eerdmans Publishing &Co. 1985), p. 95 e ss.
[9] Jacquart, Danielle e Thomasset, Claude: Sexualité et savor médical au Moyen Âge (Paris, PUF, 1985), p. 194. Cf. Albert the Great, Questions concerning Aristotle’s on Animals, in The fathers of the Church (Washington, The Catholic University of America Press, 2008).
[10] 9. Differentiation of the sexes must be attributed to celestial causes. Our reason for saying this is as follows: Every agent tends to form to its own likeness, as far as possible, that which is passive in its respect. Accordingly, the active principle in the male seed always tends toward the generation of a male offspring, which is more perfect than the female. From this it follows that conception of female offspring is something of an accident in the order of nature-in so far, at least, as it is not the result of the natural causality of the particular agent. Therefore, if there were no other natural influence at work tending toward the conception of female offspring, such conception would be wholly outside the design of nature, as is the case with what we call “monstrous” births. And so it is said that, although the conception of female offspring is not the natural result of the efficient causality of the particular nature at work—for which reason the female is sometimes spoken of as an “accidental male”—nevertheless, the conception of female offspring is the natural result of universal nature; that is, it is due to the influence of a heavenly body, as Avicenna suggests.” De veritate, Sobre a Providência, in Questiones Disputatae de Veritate, by Thomas Aquinas, Html edition by Joseph Kenny, O.P. http://dhspriory.org/thomas/QDdeVer.htm
[11] Elaine Hobby (ed.) The midwives Book, or the whole art of midwifry discovered (Oxford, University Press, 1999),  p. 100; Manuli, P. “Fisiologia e patologia del femminile”in III Colloque International Hippocratique, Grmek, M.D. (ed.) :  Hippocratica (Paris, CNRS, 1980), p. 397. Cf. Helen King: “Once upon a text: hysteria from Hippocrates” in Sander L. Gilman (e outros, ed.) Hysteria before Freud (Berkeley, University of California Press, 1993), p. 3 e ss.
[12] Madrid, Ed. Nacional, re-edição de 1978, pp. 162-163.
[13] Timeu, 42 e 90c-91d. Como demonstra Charpentier (nota abaixo), em Platão os dois sexos possuem uma espécie de animal dentro de si que não escuta  a razão no desejo do acasalamento para procriar.  É conhecida a diferença entre o pensamento de Platão sobre as mulheres e os pósteros, a começar com Aristóteles.
[14] Pantagruel, Livro Terceiro capítulo 32. Cf. Charpentier, Françoise: “Notes pour le Tiers Livre de Rabelais, chap. 32: le discours de Rondibilis”in Revue Belge de philologie et d’histoire, 1976, volume 54, pp. 780-796
[15] Morel, P. e Quêtel, Cl, : Les médecins de la folie (Paris, Hachette, 1985), pp. 34-35.
[16] (Tradução inglêsa editada por Digireads. Com Book, 2009). Em 1490 O Malleus foi posto no Index librorum prohibitorum, livros vetados pela Igreja, mas os estragos foram feitos.
[17] Trevor-Roper, H. R. : The european Witch-Craze of the 16th and 17th Centuries (Penguin /books, 1969), pp. 50-53. Sob outro aspecto, cf. Céard, J.: “Folie et démonologie au XVIe siècle” in Folie et déraison à la renaissance (Paris, Vrin, 1976), pp. 129 e ss.
[18] Passeios ao Léu (São Paulo, Brasiliense, 1983), p. 71.
[19] Cf. o belo estudo de René Girard, “La danse de Salomé”in L ‘auto-organisation, de la physique au politique (Paris, Seuil, 1983), p. 336 e ss.
[20] Grasset, Idées médicales (Paris, Plon, 1910), p. 282.

segunda-feira, 6 de março de 2017

indignação estranha.

Há uma indignação contra meu nome na lista dos que pedem a Luis inácio da Silva para se candidatar em 2018. Seria bom recordar a cena inteira: para o ano próximo, ninguém no setor político tem condições de se apresentar à presidência. Salvo Jair Bolsonaro e Luis inácio da Silva. Entenderam ou é preciso desenhar? Roberto Romano