Lutero ainda estava preso ao
pensamento medieval, e por isso não poderia “acolher bem a grandeza da cultura do
Renascimento. A
Reforma aparece, assim, como a obra de um fundamentalista que restaura o cristianismo com base em
Paulo e
Agostinho”, pontua o filósofo alemão
Helmut Heit na entrevista que concedeu, por e-mail, à
IHU On-Line. “A
Reforma de Lutero é a farsa que se segue à tragédia da fundação da igreja por
Paulo. Ainda assim,
Nietzsche fica naturalmente fascinado pelo caráter vigoroso de
Lutero. Ele louva, como se sabe, a linguagem de
Lutero e caracteriza a tradução da Bíblia como a melhor obra de prosa alemã surgida até então.”
Outros temas abordados por
Heit na entrevista são o marco dos processos políticos, culturais e eclesiásticos que gestam a
Reforma, bem como a
Contrarreforma jesuíta, tida por
Nietzsche como um movimento retardador na história ocidental.
Helmut Heit
Foto: Christina Bachmann | Christlicher Medienverbund
Helmut Heit é professor associado de filosofia
europeia e alemã e vice-diretor da Academia de Cultura Europeia na
Universidade Tongji, em Shanghai, China. Estudou filosofia e ciência
política em Hannover, Melbourne e Berlim. Em 2003 concluiu PhD em
Hannover com um estudo sobre a emergência da filosofia ocidental na
Grécia Antiga. Antes de lecionar em Shanghai, foi professor na
Universidade Técnica de Berlim, na Universidade de Humboldt, em Berlim,
na Universidade da Califórnia em San Diego, EUA, e na Universidade
Leibniz, em Hannover. Em 2014 e 2015 foi professor convidado no
Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Pelotas - UFPEL. É
coeditor dos Nietzsche-Studien e da série de livros Monographien und Texte der Nietzscheforschung
(de Gruyter), membro do comitê executive da Sociedade Nietzsche, na
Alemanha, e diretor fundador do Berliner Nietzsche-Colloquium, entre
outras atividades.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Quais são os pressupostos fundamentais da
crítica de Nietzsche [1] ao cristianismo, mas, sobretudo, ao
luteranismo?
Helmut Heit - A
crítica de Nietzsche ao cristianismo se
baseia no pressuposto fundamental de que a hipótese cristã de Deus
perdeu a credibilidade. A religião cristã não pode mais apresentar ao
ser humano moderno uma pretensão de verdade no sentido clássico da
palavra. É isso que significa inicialmente o discurso a respeito da
morte de Deus. Neste sentido, nos textos de
Nietzsche
essa ideia não é desenvolvida como uma teoria própria e original, mas é,
antes, apenas constatada e averiguada quanto a suas consequências.
Nietzsche
pode pressupor que os argumentos a favor dela são conhecidos e não os
expõe sistematicamente, mesmo que todas as objeções contemporâneas
contra o cristianismo se encontrem em diversas passagens de seus textos.
Os
iluministas franceses, assim como os jovens
hegelianos,
neokantianos e
positivistas,
estavam em sua maioria convictos de que o Deus tradicional como função
ou mesmo fundamento da filosofia e da ciência já dera o que tinha para
dar. Para a consciência contemporânea, as mais importantes objeções
contra a pretensão de validade clássica da hipótese de Deus são de
natureza filosófica, científico-natural, histórica e psicológico-social.
Immanuel Kant
[2], com sua crítica de todas as provas da existência de Deus e
tentativas filosóficas na teodiceia, transforma o Deus cristão de uma
existência indiscutível em um postulado moral e um objeto da
religiosidade privada. Nas teorias mecânicas, cosmológicas e
evolucionárias do século XIX, Deus, diferentemente do que ainda era o
caso no
pensamento de Newton [3] ou
Leibniz
[4], está essencialmente obsoleto. Os fenômenos são explicados de uma
maneira diferente e melhor sem ele. Também a análise histórico-crítica
dos textos bíblicos, de que
Nietzsche toma conhecimento já em
Schulpforta,
contribui para a profanização da anteriormente “Sagrada Escritura”. Na
Bíblia não temos comunicações inspiradas de Deus, e sim as narrativas de
um povo de pastores do
Oriente Médio. Autores como
Feuerbach [5],
Heine [6] e
Marx
[7] explicam, finalmente, a ideia de Deus, persistente do ponto de
vista da história da cultura, como uma projeção humana, que diz muita
coisa sobre nós seres humanos, mas não diz nada sobre a eventual
existência de tal ser.
Deus, uma ficção útil
Em seu conjunto, essas objeções tornam Deus uma noção que não pode
ser provada filosoficamente, é cientificamente supérflua e
historicamente modificável, cuja existência pode ser bem explicada do
ponto de vista da psicologia social. Em séculos anteriores, menos
esclarecidos, Deus estava vivo como ficção coletiva, sendo um fato
social culturalmente atuante. Na época de Nietzsche, a
crença geral antigamente real e eficaz em um ser supremo tinha perdido
maciçamente validade; não se precisa mais dele e não se crê mais nele.
Neste sentido Deus está morto, tendo mostrado ser uma ficção que deixou
de ter credibilidade.
A crítica do cristianismo de Nietzsche, contudo, não
se limita a perguntar se os relatos a respeito de Deus, sua situação
familiar e suas ações, suas exigências e promessas, capacidades e
atividades são verdadeiras. Ao que tudo indica, o que lhe interessa é,
antes, principalmente perguntar se Deus é uma ficção útil. Neste caso se
mostra que Nietzsche não move uma crítica ideológica unilateral contra o cristianismo,
embora, em última análise, ele também responda a essa pergunta
negativamente para o presente e o futuro: embora a hipótese da moral
cristã tenha dado um sentido à existência humana, e a interiorização
ascética da culpa e da má consciência tenha tornado o ser humano mais
profundo e interessante, isso sempre se deu ao preço de uma degradação,
ofensa e humilhação do ser humano e da vida.
A
crítica a Lutero [8] consiste, sobre esse pano de fundo, principalmente na afirmação de que ele salvou o
cristianismo. Estando ele próprio ainda inteiramente preso no pensamento da
Idade Média,
Lutero não podia entender nem acolher bem a grandeza da cultura do
Renascimento. A
Reforma aparece, assim, como a obra de um fundamentalista que restaura o cristianismo com base em
Paulo [9] e
Agostinho [10].
IHU On-Line - Se pensarmos na crítica nietzschiana à genealogia da Modernidade, qual é a importância de suas ressalvas a Lutero?
Helmut Heit - Esta pergunta é particularmente difícil de responder, pois a confrontação de
Nietzsche com a
Modernidade é extremamente multifacetada. A
Modernidade e também o
cristianismo são poderes culturais de significado dialético. Elas encerram tensões e dinâmicas que não são condenadas unilateralmente por
Nietzsche, mas com as quais também se associam potenciais para o desenvolvimento da humanidade. Neste sentido, a
Reforma de Lutero certamente contribuiu para a individualização e privatização do pensamento e do sentimento.
IHU On-Line - Como essa crítica repercutiu na época em que foi formulada e qual a sua importância atualmente?
Helmut Heit - Como se sabe, entre seus contemporâneos diretos Nietzsche
teve pouca repercussão. Hoje em dia, seu tratamento da religião é
muitas vezes reduzido, na opinião pública, ao discurso a respeito da
morte de Deus. Isso é lamentável, já que sua crítica do cristianismo vai muito além dessa afirmação negativa e pergunta a respeito das fontes e perspectivas da necessidade religiosa.
IHU On-Line - Em que medida a formação religiosa de Nietzsche
fornece algumas pistas para explicar seu posicionamento em relação ao
Luteranismo?
Helmut Heit - Certamente o fato de Nietzsche
provir de uma família inteiramente protestante desempenha um papel
importante. Ainda durante o tempo que passou em Basileia ele se sente
unido ao espírito de Lutero, e reage com perplexidade à intenção de seu amigo Heinrich Romundt
de se tornar justamente sacerdote católico. Sua própria caminhada rumo à
descrença é, biograficamente, sem dúvida interessante. Em última
análise, porém, o cristianismo lhe interessa não como objeto de
religiosidade pessoal, e sim como fenômeno cultural.
IHU On-Line - Em que aspectos a figura de Lutero como “monge
ressentido”, mas também como um tipo psicológico interessante, mobiliza o
interesse de Nietzsche?
O horizonte de sua crítica à filosofia moderna
não se restringe à Idade Moderna, mas também compreende sempre a
Antiguidade grega e cristã
Helmut Heit - Em comparação com
Jesus,
Paulo,
Sócrates [11] e
Platão [12], Lutero é de grande interesse para Nietzsche, mas não de interesse extraordinário. A
Reforma de Lutero é, antes, a farsa que se segue à tragédia da fundação da igreja por
Paulo. Ainda assim,
Nietzsche fica naturalmente fascinado pelo caráter vigoroso de
Lutero. Ele louva, como se sabe, a
linguagem de Lutero e caracteriza a
tradução da Bíblia como a melhor obra de prosa alemã surgida até então. Isso também se refere à enorme atividade transformadora da cultura que
Lutero conseguiu desenvolver. Na medida em que
Nietzsche também visa a uma transformação, essa figura atrai naturalmente sua atenção.
IHU On-Line - Até que ponto podemos compreender a crítica
nietzschiana aos alemães e sua filosofia e teologia tendo Lutero como
figura central?
Helmut Heit - Como disse acima, eu não veria
Lutero como figura central da
crítica de Nietzsche aos alemães, à sua filosofia e à sua teologia. Certamente a filosofia alemã de
Kant,
Hegel [13] e
Schleiermacher [14] é protestante de cabo a rabo. Não sem razão,
Nietzsche faz troça do idealismo dos teólogos do
Seminário de Tübingen [residência e instituição de ensino de estudantes protestantes no estado de
Baden-Württemberg].
Mas ele atribui a arrogância presunçosa com que os alemães se entendem
como nação superior após 1870/71 a diversas fontes. O horizonte de sua
crítica à filosofia moderna não se restringe à
Idade Moderna, mas também compreende sempre a Antiguidade grega e cristã.
IHU On-Line - É possível dizer que a maldição contra o
Cristianismo, lançada ao final de O Anticristo, opera como uma
contraposição às teses de Lutero? Por quê?
Helmut Heit - Eu não colocaria isso necessariamente assim. As
teses de Lutero
tratam de maneira bastante acadêmica e detalhada de questões da certeza
da salvação e da prática cristã. Elas são, inicialmente, sobretudo uma
contribuição para um problema teológico. O poder explosivo das teses de
Lutero não é fácil de ser apreendido e também só se mostra no marco dos
processos políticos, culturais e eclesiásticos que então acabam
constituindo a
Reforma. Poder-se-ia, antes, entender a maldição contra o cristianismo como uma contraposição aos
Dez Mandamentos ou ao
Sermão da Montanha.
IHU On-Line - Qual é a posição de Nietzsche em relação à Contrarreforma [15] representada pelos jesuítas?
Por meio da Contrarreforma, o cristianismo foi salvo para a Modernidade
Helmut Heit - A
Contrarreforma é objeto de crítica de diversas formas no pensamento de
Nietzsche. No prefácio de
Além do bem e do mal, ele inclui o jesuitismo entre os grandes movimentos retardadores na história do Ocidente.
Nietzsche parece ter visto na
Contrarreforma a implementação católica, isto é, generalizada do protestantismo. Por meio da Contrarreforma, o
cristianismo foi salvo para a
Modernidade.
IHU On-Line - Sob que aspectos existe uma crítica de Nietzsche a um conceito de Deus niilista no protestantismo?
Helmut Heit - Eu não diria que há uma crítica dessas no
pensamento de Nietzsche: ele não critica um
conceito de Deus niilista
no protestantismo; isso é feito, antes, por teólogos (católicos) atuais
que veem na teologia da morte de Deus uma consequência problemática e
deplorável da obra de destruição protestante.
Nietzsche pensa de modo diferente neste caso. Como todas as coisas grandes, o
conceito cristão de Deus se arruína por causa de si mesmo. Na pretensão de que Deus é a verdade já está contido o germe de sua autossuspensão.
IHU On-Line - Gostaria de acrescentar algum aspecto não questionado?
Helmut Heit - O que me parece particularmente interessante e importante hoje em dia, justamente também à luz de um fundamentalismo que está se fortalecendo nas mais diversas confissões, é o fato de Nietzsche problematizar a pretensão implícita ou explícita de verdade da religião. Quando ele critica a Reforma
como “indignação da simplicidade”, isso se refere menos à simplicidade
na acepção de burrice e falta de perspicácia, e sim a uma falta de
vontade ou capacidade de tolerar a diversidade. A crença de que nós
mesmos possuímos a verdade religiosa é uma ficção perigosa.
Notas:
[1]
Friedrich Nietzsche (1844-1900): filósofo
alemão, conhecido por seus conceitos além-do-homem, transvaloração dos
valores, niilismo, vontade de poder e eterno retorno. A Nietzsche foi
dedicado o tema de capa da edição número 127 da IHU On-Line, de
13-12-2004, intitulado
Nietzsche: filósofo do martelo e do crepúsculo. A edição 15 dos Cadernos IHU em formação é intitulada
O pensamento de Friedrich Nietzsche. Confira, também, a entrevista concedida por Ernildo Stein à edição 328 da revista IHU On-Line, de 10-5-2010, intitulada
O biologismo radical de Nietzsche não pode ser minimizado,
na qual discute ideias de sua conferência A crítica de Heidegger ao
biologismo de Nietzsche e a questão da biopolítica, parte integrante do
Ciclo de Estudos Filosofias da diferença - Pré-evento do XI Simpósio
Internacional IHU: O (des)governo biopolítico da vida humana. Na edição
330 da revista IHU On-Line, de 24-5-2010, leia a entrevista
Nietzsche, o pensamento trágico e a afirmação da totalidade da existência, concedida pelo professor Oswaldo Giacoia. Na edição 388, de 9-4-2012, leia a entrevista
O amor fati como resposta à tirania do sentido, com Danilo Bilate. Na edição 513, de 16-10-2017, leia a entrevista
Uma política de vida ao invés de uma política sobre a vida. A biopolítica afirmativa de Nietzsche. (Nota da
IHU On-Line)
[2]
Immanuel Kant (1724-1804): filósofo prussiano,
considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna,
representante do Iluminismo. Kant teve um grande impacto no romantismo
alemão e nas filosofias idealistas do século 19, as quais se tornaram um
ponto de partida para Hegel. Kant estabeleceu uma distinção entre os
fenômenos e a coisa-em-si (que chamou noumenon), isto é, entre o que nos
aparece e o que existiria em si mesmo. A coisa-em-si não poderia,
segundo Kant, ser objeto de conhecimento científico, como até então
pretendera a metafísica clássica. A ciência se restringiria, assim, ao
mundo dos fenômenos, e seria constituída pelas formas a priori da
sensibilidade (espaço e tempo) e pelas categorias do entendimento. A IHU
On-Line número 93, de 22-3-2004, dedicou sua matéria de capa à vida e à
obra do pensador com o título
Kant: razão, liberdade e ética. Também sobre Kant, foi publicado o Cadernos IHU em formação número 2, intitulado
Emmanuel Kant – Razão, liberdade, lógica e ética. Confira, ainda, a edição 417 da revista IHU On-Line, de 6-5-2013, intitulada
A autonomia do sujeito, hoje. Imperativos e desafios. (Nota da
IHU On-Line)
[3] Isaac Newton (1642-1727): físico, astrônomo e
matemático inglês. Revelou como o universo se mantém unido através da
sua teoria da gravitação, descobriu os segredos da luz e das cores e
criou um ramo da matemática, o cálculo infinitesimal. Essas descobertas
foram realizadas por Newton em um intervalo de apenas 18 meses, entre os
anos de 1665 e 1667. É considerado um dos maiores nomes na história do
pensamento humano, por causa da sua grande contribuição à matemática, à
física e à astronomia. O IHU promoveu de 3 de agosto a 16-11-2005 o
Ciclo de Estudos Desafios da Física para o Século XXI: uma aventura de
Copérnico a Einstein. Sobre Newton, em específico, o Prof. Dr. Ney Lemke
proferiu palestra em 21-09-2005, intitulada A cosmologia de Newton.
(Nota da IHU On-Line)
[4] Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716): filósofo,
cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão. O uso de
"função" como um termo matemático foi iniciado por Leibniz, numa carta
de 1694, para designar uma quantidade relacionada a uma curva, tal como a
sua inclinação em um ponto específico. É creditado a Leibniz e a Newton
o desenvolvimento do cálculo moderno, em particular o desenvolvimento
da integral e da regra do produto. Descreveu o primeiro sistema de
numeração binário moderno (1705), tal como o sistema numérico binário
utilizado nos dias de hoje. Demonstrou genialidade também nos campos da
lei, religião, política, história, literatura, lógica, metafísica e
filosofia. (Nota da IHU On-Line)
[5] Ludwig Feuerbach (1804-1872): filósofo alemão,
reconhecido pela influência que seu pensamento exerce sobre Karl Marx.
Abandona os estudos de Teologia para tornar-se aluno de Hegel, durante
dois anos, em Berlim. De acordo com sua filosofia, a religião é uma
forma de alienação que projeta os conceitos do ideal humano em um ser
supremo. É autor de A essência do cristianismo (2ª ed. São Paulo:
Papirus, 1997). (Nota da IHU On-Line)
[6] Heinrich Heine (1797-1856): poeta romântico
alemão, conhecido como “o último dos românticos”. Boa parte de sua
poesia lírica, especialmente a sua obra de juventude, foi musicada por
vários compositores notáveis como Robert Schumann, Franz Schubert, Felix
Mendelssohn, Brahms, Hugo Wolf, Richard Wagner e, já no século XX, por
Hans Werner Henze e Lord Berners. (Nota da IHU On-Line)
[7]
Karl Marx (1818-1883): filósofo, cientista
social, economista, historiador e revolucionário alemão, um dos
pensadores que exerceram maior influência sobre o pensamento social e
sobre os destinos da humanidade no século 20. A edição 41 dos Cadernos
IHU ideias, de autoria de Leda Maria Paulani, tem como título
A (anti)filosofia de Karl Marx. Também sobre o autor, a edição número 278 da revista IHU On-Line, de 20-10-2008, é intitulada
A financeirização do mundo e sua crise. Uma leitura a partir de Marx. A entrevista
Marx: os homens não são o que pensam e desejam, mas o que fazem,
concedida por Pedro de Alcântara Figueira, foi publicada na edição 327
da IHU On-Line, de 3-5-2010. A IHU On-Line preparou uma edição especial
sobre desigualdade inspirada no livro de Thomas Piketty
O Capital no Século XXI, que retoma o argumento central de O Capital, obra de Marx. (Nota da
IHU On-Line)
[8] Martinho Lutero (1483-1546): teólogo alemão,
considerado o pai espiritual da Reforma Protestante. Foi o autor da
primeira tradução da Bíblia para o alemão. Além da qualidade da
tradução, foi amplamente divulgada em decorrência da sua difusão por
meio da imprensa, desenvolvida por Gutemberg em 1453. (Nota da IHU On-Line)
[9]
Paulo de Tarso (3-66 d.C.): nascido em Tarso, na
Cilícia, hoje Turquia, era originariamente chamado de Saulo.
Entretanto, é mais conhecido como São Paulo, o Apóstolo. É considerado
por muitos cristãos como o mais importante discípulo de Jesus e, depois
de Jesus, a figura mais importante no desenvolvimento do Cristianismo
nascente. Paulo de Tarso é um apóstolo diferente dos demais. Primeiro
porque, ao contrário dos outros, não conheceu Jesus pessoalmente. Antes
de sua conversão, se dedicava à perseguição dos primeiros discípulos de
Jesus na região de Jerusalém. Em uma dessas missões, quando se dirigia a
Damasco, teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz e ficou cego. A
visão foi recuperada após três dias por Ananias, que o batizou como
cristão. A partir deste encontro, Paulo começou a pregar o Cristianismo.
Ele era um homem culto, frequentou uma escola em Jerusalém, fez
carreira no Templo (era fariseu), onde foi sacerdote. Era educado em
duas culturas: a grega e a judaica. Paulo fez muito pela difusão do
Cristianismo entre os gentios e é considerado uma das principais fontes
da doutrina da Igreja. As suas Epístolas formam uma seção fundamental do
Novo Testamento. Afirma-se que foi ele quem verdadeiramente transformou
o Cristianismo em uma nova religião, superando a anterior condição de
seita do Judaísmo. A IHU On-Line 175, de 10-4-2006, dedicou sua capa ao
tema
Paulo de Tarso e a contemporaneidade, assim como a edição 286, de 22-12-2008,
Paulo de Tarso: a sua relevância atual Também são dedicadas ao religioso a edição 32 dos Cadernos IHU em formação,
Paulo de Tarso desafia a Igreja de hoje a um novo sentido de realidade, e a edição 55 dos Cadernos Teologia Pública,
São Paulo contra as mulheres? Afirmação e declínio da mulher cristã no século I. (Nota da
IHU On-Line)
[10] Agostinho de Hipona (354-430): conhecido como
Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos dos
primeiros anos do cristianismo, cujas obras foram muito influentes no
desenvolvimento do cristianismo e da filosofia ocidental. Escrevendo na
era patrística, ele é amplamente considerado como sendo o mais
importante dos padres da Igreja no Ocidente. Suas obras-primas são A
cidade de Deus e Confissões. (Nota da IHU On-Line)
[11] Sócrates (470 a. C.- 399 a. C.): filósofo
ateniense e um dos mais importantes ícones da tradição filosófica
ocidental. Sócrates não valorizava os prazeres dos sentidos, todavia
escalava o belo entre as maiores virtudes, junto ao bom e ao justo.
Dedicava-se ao parto das ideias (Maiêutica) dos cidadãos de Atenas. O
julgamento e a execução de Sócrates são eventos centrais da obra de
Platão (Apologia e Críton). (Nota da IHU On-Line)
[12]
Platão (427-347 a. C.): filósofo ateniense.
Criador de sistemas filosóficos influentes até hoje, como a Teoria das
Ideias e a Dialética. Discípulo de Sócrates, Platão foi mestre de
Aristóteles. Entre suas obras, destacam-se A República (São Paulo:
Editora Edipro, 2012) e Fédon (São Paulo: Martin Claret, 2002). Sobre
Platão, confira e entrevista
As implicações éticas da cosmologia de Platão,
concedida pelo filósofo Marcelo Perine à edição 194 da revista IHU
On-Line, de 4-9-2006. Leia, também, a edição 294 da revista IHU On-Line,
de 25-5-2009, intitulada
Platão. A totalidade em movimento (Nota da
IHU On-Line)
[13]
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831):
filósofo alemão idealista. Como Aristóteles e Santo Tomás de Aquino,
desenvolveu um sistema filosófico no qual estivessem integradas todas as
contribuições de seus principais predecessores. Sobre Hegel, confira a
edição 217 da IHU On-Line, de 30-4-2007, intitulada
Fenomenologia do espírito, de (1807-2007), em comemoração aos 200 anos de lançamento dessa obra. Veja ainda a edição 261, de 9-6-2008,
Carlos Roberto Velho Cirne-Lima. Um novo modo de ler Hegel;
Hegel. A tradução da história pela razão, edição 430, e
Hegel. Lógica e Metafísica, edição 482. (Nota da
IHU On-Line)
[14] Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher
(1768-1834): teólogo, filósofo e pedagogo alemão. Foi corresponsável
pela aparição da teologia liberal, negando a historicidade dos milagres e
a autoridade literal das Escrituras. (Nota da IHU On-Line)
[15] Contrarreforma ou Reforma Católica:
iniciado no Concílio de Trento, é um movimento regido pela Igreja
Católica Romana em resposta à Reforma Protestante, movimento reformista
cristão liderado por Martinho Lutero, autor das 95 teses pregadas na
porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, em 31 de outubro
de 1517. No documento, Lutero propôs uma reforma na doutrina do
catolicismo romano, tendo sido apoiado por vários religiosos e
governantes europeus. Em decorrência destes fatos, ocorreu a divisão da
chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os protestantes.
(Nota da IHU On-Line)
Leia mais
- Lutero e a Reforma – 500 anos depois. Um debate. Revista IHU On-Line, Nº. 514
- O niilismo como doença da vontade humana. Entrevista especial com Clademir Araldi. Revista IHU On-Line, Nº. 354
- Narrar
Deus no horizonte do niilismo: a reviviscência do divino. Entrevista
especial com Clademir Paul Valadier. Revista IHU On-Line, Nº. 303
- Paulo de Tarso: a sua relevância atual. Revista IHU On-Line, Nº. 286
- Lutero. Reformador da Teologia, da Igreja e criador da língua alemã. Revista IHU On-Line, Nº. 280
- Paulo de Tarso e a contemporaneidade. Revista IHU On-Line, Nº. 175
- Nietzsche Filósofo do martelo e do crepúsculo. Revista IHU On-Line, Nº. 127
- Lutero,
Justiça Social e Poder Político. Aproximações teológicas a partir de
alguns de seus escritos. Artigo de Roberto E. Zwetsch. Cadernos Teologia
Pública, Nº. 113
- Lutero. Reformador da Teologia, da Igreja e criador da língua alemã. Revista IHU On-Line, Nº. 280
- 500 anos da Reforma. Principal bispo luterano ao Papa Francisco: ''Irmão em Cristo, obrigado''
- 500 anos da Reforma: em Londres, primaz anglicano diz não à ''tentação de se dividir''
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