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segunda-feira, 22 de maio de 2017

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Roberto Romano: permanência de Temer agrava a corrupção

"Preço dos corruptos aumenta de acordo com a situação do perigo", afirma o filósofo da Unicamp. Demais professores da universidade opinam sobre as saídas para a crise
por Redação RBA publicado 22/05/2017 11h45
Temer base
Base de sustentação de Temer na Câmara e no Senado é, na verdade, "a base de achaque", diz professor
São Paulo – Fragilizado pelas denúncias que o atingem a partir das delação de executivos da JBS, o presidente Michel Temer (PMDB-SP) permanece refém do Congresso, e pode aprofundar a relação com os parlamentares em bases promíscuas, agravando a corrupção. Segundo o filósofo Roberto Romano, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acuado, Temer representa ameaça inclusive ao Judiciário.

"Trata-se de um cenário terrível, mas é bom lembrar que ele já tem feito isso para conseguir as reformas, distribuindo verbas, perdoando dívidas de Estados e municípios e distribuindo cargos, ou seja, Temer tem aprofundado a corrupção. Essa situação tende a se agravar, como é sabido. O preço dos corruptos aumenta de acordo com a situação do perigo em que está o chefe do Executivo", afirma Romano, em breve análise publicada pelo Jornal da Unicamp.

Segundo o professor, a base de sustentação de Temer na Câmara e no Senado é, na verdade, "a base de achaque". "A cada vez que Temer tiver que pagar pela sua permanência – e não mais pelas reformas –, aumentará a instabilidade jurídica no país", diz Romano, que ressalta ainda que esse conjunto de reformas proposto por Temer jogam os trabalhadores na "incerteza jurídica absoluta".
Diante do impasse criado pela permanência de Temer na presidência, Romano aponta que a sua cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é a saída menos traumática, pois trataria de decisão tomada pela Justiça, em último caso. Para o professor, as outras duas hipóteses – renúncia e impeachment – são remotas, a última por conta da relação fisiológica de Temer com a sua base congressual.

Outros intelectuais da Unicamp expressam suas opiniões no jornal da entidade. Para o cientista político Reginaldo Moraes, a questão da sucessão de Temer é ainda mais grave que a sua queda. Com os presidentes do Senado e da Câmara também indiciados por corrupção, caberia a missão à presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, que, segundo ele, "é uma pessoa absolutamente despreparada para qualquer coisa".

Segundo ele, Cármen Lúcia na presidência poderia se desgastar ao ter que conter manifestações diretas, inclusive com o uso da força policial na repressão. Ainda assim, a presidenta do STF segue sendo a opção para as forças conservadoras, que devem evitar, a todo custo, a realização de eleições diretas.

"Eleição direta é a última coisa que querem no momento, sobretudo com o quadro de desmantelamento das lideranças conservadoras, alinhadas com a Globo e que estão todas muito mal na fotografia", diz Reginaldo, que prevê, ainda, cenário de desmanche das forças políticas e polarização.

A socióloga Walquíria Leão Rego aponta "rachaduras nas próprias forças golpistas", em duelo entre forças ligadas ao Ministério Público Federal (MPF), STF e o atual governo, e diz que o problema, para essas forças, é a força política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Acho que o grande projeto deles é não deixarem ocorrer as eleições em 2018 porque, para permiti-las, eles teriam que arrumar alguma coisa para impedir a candidatura Lula, que já é muito forte. Não dá para saber, nem eles estão se entendendo. Por que a Globo, que sempre ataca o Lula, de repente parece fazer diferente? Não dá para entender o que acontece. Acho que podemos imaginar vários cenários possíveis, inclusive um golpe ainda mais à direita do que já foi", diz Walquíria.
O também sociólogo Marcelo Ridente aponta que, apesar de toda a crise institucional, forças do mercado ainda apostam em manter de pé o plano de aprovação das reformas trabalhista e da Previdência. "Resta saber se haverá clima político no Congresso para aprovar tudo isso, com essa crise do governo."

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