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quinta-feira, 20 de julho de 2017

IHU/Unisinos. Os cardeais Bertoni e Pell respondem a processos diante da justiça, inclusive a do Vaticano.Signa temporum...

Surgem sombras no futuro judicial de dois dos mais altos representantes da Igreja católica. Nesta terça-feira, em Roma e Melbourne, dois cardeais, Tarcisio Bertone e George Pell, se encontrarão no centro das atenções daqueles que lutam contra a corrupção e os abusos contra menores, duas das linhas vermelhas no Pontificado de Francisco.


A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 18-07-2017. A tradução é do Cepat.



O ex-secretário de Estado, como beneficiário de desvio de verbas do hospital pediátrico do Vaticano (para financiar as reformas de seu luxuoso ático), e o cardeal australiano acusado de abusos sexuais contra menores.



Desse modo, nesta manhã [17-07], o Tribunal Vaticano julgará o ex-presidente do Bambino GesúGiuseppe Profiti, e o ex-tesoureiro do centro, Massimo Spina, acusados de desviar doações ao hospital para reformar a residência de Bertone.



Profiti, a quem Bertone nomeou presidente do hospital, em 2008, disse que os 422.000 euros de fundos da fundação do hospital, utilizados para reformar a casa de Bertone, foram um investimento, porque se pensava em utilizar o lugar para atos de arrecadação de fundos para o hospital.



O sucessor de Bertone como secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, disse que o julgamento demonstra a transparência que o Papa Francisco quer levar às finanças da Igreja católica. “É apropriado que todo mundo preste contas por seu comportamento”, ressaltou o número dois da Santa Sé. E como não poderia ser de outro modo, as coisas estão mudando, e muito, por trás dos muros vaticanos.



Não deixa de ser interessante que, no caso do ex-secretário de Estado, seja a Santa Sé quem anuncia e prepara o julgamento, algo que, há apenas quatro anos, era praticamente impensável. Os únicos processos judiciais dos quais se teve conhecimento midiático foram os dois Vatileaks, o do famoso Paolo Gabriele, com Bento XVI; e o mais recente, já com Francisco, e que envolvia o espanhol Lucio Ángel Vallejo Balda e a italiana Francesca Chaouqui.



No que diz respeito ao “superministro de finanças” vaticano em licença, foi a própriaRádio Vaticano que anunciou que hoje “ocorrerá a audiência preliminar do processo a cargo do cardeal George Pell, Prefeito da Secretaria para a Economia, por casos de abuso contra menores”.



“Os fatos levantados remontam aos anos 1970, quando o Purpurado era sacerdote. No último dia 29 de junho, o Escritório de Imprensa da Santa Sé divulgou um Comunicado no qual se lê que “o Santo Padre, informado disto pelo próprio cardeal Pell, concedeu-lhe um período de licença para poder se defender”, disse a nota vaticana. No dia 26 de julho será o julgamento e, a partir daí, poderemos saber mais de quem, certamente, tenha sido o grande erro do Papa Francisco no momento de escolher homens de sua confiança.



Enquanto isso, não resta dúvida, o sistema funciona. E pede responsabilidades. E que seja a justiça (a civil, nos dois casos) a que decida se são culpados ou inocentes.

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