Antigo, mas atual, atual...
Pedaços da palestra proferida no dia 12/06/2007 no evento Fronteiras do Pensamento, em Porto Alegre.
Roberto Romano
1) Mentiras
Durante
o tenso debate encenado sobre a retórica, no Górgias, Sócrates
insiste: os cidadãos procuram corretamente conselhos em todas as
técnicas, do campo náutico à medicina. Os retores, aproveitando tal
confiança em juízos especializados, afirmam que também o seu mister é
uma técnica, persuadir os que decidem a norma política. Sócrates
replica de modo direto, afirmando que, apesar dos retores, a política e
a moral exigem saberes técnicos, os quais devem ser adquiridos antes
que o retor ensine as pessoas a persuadir. Caso contrário, ocorre
apenas que o ignorante imagine saber mais do que os especialistas. ( 1)
Trata-se a retórica de um saber ou apenas de experiência, algo
limitado ao incerto e inseguro campo empírico ? A resposta socrática é
positiva. retórica é forma empírica de ação e pensamento. E o que se
produz com ela? Certa gratificação e prazer. Quem é gratificado pela
retórica? O povo. A arte de persuadir seria, então, algo belo e bom ?
Longe disso. A retórica é prática que, sem poder ser considerada uma
ciência, pertence a pessoas perspicazes e sem medo, superiormente
dotadas para a lisonja. A retórica é uma empiría, como a arte de
cozinhar.
No fim do
diálogo Sócrates desafia Cálicles e sua profecia do julgamento que
levou o filósofo à morte, dizendo que só um homem sem justiça
(adikount´anthrôpon) o conduziria ao tribunal, pois é deslocado (atopon)
que um homem justo denuncie ao tribunal um outro que não comete
injustiça. Não seria de espantar se a sentença dos juízes fosse a
condenação à pena capital. E Sócrates enuncia a sua auto-percepção:
“Acredito que eu sou, em companhia de alguns atenienses (oimai
met´oligôn Athênaiôn) o único homem hoje ocupado em assuntos estatais.
Por isto, as palavras que pronuncio não se destinam a agradar, mas
dizem o que mais vale, não o mais agradável. Sou incapaz das finuras
aconselhadas por você, de modo que não saberia o que dizer diante do
tribunal. Eu seria julgado como seria julgado o médico que acusasse
certo cozinheiro face a um tribunal de crianças. O cozinheiro poderia
dizer, justificando-se : “crianças, eis um homem que lhes causa
misérias. Ele machuca (…), aos lhes cortar ou queimar. Ele seca e
sufoca, de modo que vocês não sabem para onde fugir. Eles lhes dá para
beber o que é amaríssimo, forçando a sua fome e sede! Não comigo, que
lhes dou grande quantidade de variadas guloseimas doces! Paralisado
pelas necessidades de sua situação, o que poderia dizer o médico?
Suponha que ele diga a verdade : ´Tudo o que fiz, era para a sua saúde
!´. Alguns clamores, protestos, os juízes não seriam violentos?” . Algo
análogo, diz Sócrates, enfrentarei no tribunal.
O
Górgias ataca a política ateniense e os políticos. Nele, dois ideais
são confrontados com a experiência. Sócrates elege o ideal que o conduz
à felicidade pessoal. Atrás dele surge a imagem de Platão, destinado à
política por origem familiar e pelas suas próprias inclinações. O
diálogo apresenta o problema, desenvolvido na República e nas Leis, da
sociedade justa ou injusta ( 2). O ataque é dirigido às cidades mal
administradas, “que medem seu ´poder pelo número de navios nos portos e
dólares no tesouro, o seu ´bem estar´ pelas condições de consumo dos
cidadãos. Tal seria a sociedade ateniense, a de Péricles, cujos
princípios corruptos conduzem à corrupção das instituições musicais,
dramáticas, políticas e sociais”. (3 ) Platão condena os políticos por
adular os preconceitos da massa. Sócrates diz no Górgias: “Prefiro que a
lira seja desprovida de acordo e dissonância, e que o mesmo ocorra com
o côro pelo qual sou responsável, e que a maioria dos homens esteja em
desacordo comigo, e me contradigam, em vez de não ser, eu mesmo,
consoante comigo mesmo e me contradizer”. O termo usado para falar em
acordo musical e político, nesta passagem, é “homologein”, importante
na ordem jurídica ocidental.
A
retórica é adulação dos governados, algo que se transforma em tirania
quando os demagogos atingem o poder. No processo eleitoral democrático o
povo esquece o que exige na vida particular. Nesta última, quando se
busca o auxílio de um médico, artesão, etc., a busca é por indivíduos
técnicamente bem treinados, competentes. Nas eleições e consultas ao
povo, tal elemento é afastado, salientando-se a corrente de palavras que
opera com feitiço, um encantamento dos eleitores. Assim, eles confiam
a direção do Estado a pessoas incompetentes e sem retidão. No Górgias,
Platão distingue as “epistemai-téknai” fúteis das sérias. Existiria
uma retórica perversa e pervertida, aproximada à lisonja e à cozinha
(inferior à ginástica e à medicina) e a boa retórica, que ensina e
produz a virtude, superior à ginástica e à medicina. ( 4)
Não
cabe aqui seguir as inspeções modernas do pensamento platônico no
âmbito político. Como fruto das utopias renascentistas, do socialismo
no século 19 e 20, do nazismo sobretudo, críticos de Platão indicam
nele um teórico totalitário. E neste rumo, também foi acentuado a
“solução” platônica que substituiria as eleições democráticas, doentes
de virulenta demagogia, produtoras de servidão voluntária. Karl Popper,
na conhecida obra sobre a sociedade aberta, acusa o suposto ou real
totalitário. Leo Strauss assume atitude diferente face à “noble lie”. A
fórmula tem uma polissemia que exige prudência. As duas palavras
—gennaion pseudos— foram interpretadas de formas contraditórias. Sejam
quais forem as exegeses, a “nobre mentira” instalou-se no mais profundo
nível da Razão de Estado. Com as descrições da Guerra do Peloponeso, em
especial o episódio da ilha de Melos, ela fornece a armadura dos que,
dirigindo o Estado, desconfiam de eleições e debates, fogem da
transparência e da “accountability”. Eleições livres (livres sobretudo
de manipulações eleitorais) e razão de Estado formam um par de muito
difícil consonância.
Platão
imagina que determinadas situações exigem a nobre mentira. Consciente
de que a educação não basta para manter três setores hierarquizados de
guardiães, auxiliares e produtores na suposta “cidade bela”
(Kallipolis), Sócrates afirma que os três grupos devem crer que estão
em determinado grupo porque nasceram da terra. Todos os cidadãos
precisam ver cada um dos outros como irmãos. Mas um grupo é misturado
com ouro, outro com prata, outro com bronze. Que mentira será eficaz
para conseguir a divisão entre os três setores (filósofos/reis,
guardiães, trabalhadores) ? Surge a fórmula da mentira como remédio (hos pharmakon chresimon),
o mais parecido com a verdade. ( 5) A tese platônica espanta porque,
mesmo na democracia demagógica de Atenas, o ideal era não mentir em
assuntos de Estado.
Jon
Hesk, discute a tese de Platão e mostra dois exemplos de mentira
condenada no campo democrático. A primeira, se passou nos EUA de nosso
tempo, com o comportamento de Oliver North na crise Iran/Contras. Dois
comitês do Congresso tentaram convencer North de que era errado enganar
os legisladores, o povo americano e o governo iraniano. Um político diz
ao militar investigado que existem vínculos essenciais entre a
transparência, a honestidade e a política normativa na América, ao
contrário do que se passa nas terras não democráticas. Um senador
(Hamilton) se perturba com o apelo de North à noção de que
ocasionalmente é necessário e justificável mentir ao povo.
Mas
Demóstenes, em discursos virulentos, também denunciou a mentira e o
engodo como ameaças ao processo democrático. Mentiras podem existir em
regime tirânico, diz ele, ou numa oligarquia, porque tais sistemas não
exigem o debate dos cidadãos e dos que decidem as políticas públicas. (
6) O pensamento ocidental, desde o Renascimento, divide-se entre os que
defendem a mentira do Estado (e a sua ordem burocrática) e os que
estabelecem, como Humboldt, os limites da ação estatal. Rousseau indica o
ponto: “o pretexto do Bem Público é sempre o mais perigoso flagelo do
povo” ( 7) A fórmula da razão de Estado é simples: “salus populi
suprema lex esto”. Um comentador de Rousseau matiza o dito do genebrino:
as mentiras oficiais causam danos insuspeitados. O “legislador, embora
justificadamente use mentiras e outras formas de engodo para atingir
as pessoas com seus propósitos, deveria persuadir em vez de forçar o
povo comum a aceitar seus ditames” (8 )
2) Razão de Estado
Os
comentadores da Razão de Estado indicam a inconexão nela encoberta
entre quem fala com poder e quem obedece. “O político mente para ganhar
eleições; o desempregado mente para conseguir emprego, e até existe
quem minta exclusivamente para chamar a atenção”. Mentir é próximo de
manipular, pois é um ato unilateral: “eu” engano, minto, e “eles” não
devem perceber. A razão de Estado é uma política paradoxal porque tende a
reduzir todo enunciado político à manipulação dos dirigidos, neles
criando a aceitação temporária do que se diz e se faz. A adesão aos atos
do governante é fabricada com meticulosa astúcia. A cada vez o engano
deve ser retomado, sem que se acumule realmente qualquer obediência
cuja origem seja a vontade efetiva do coletivo.
A
razão de Estado arruina a fé pública porque é “um engano radical, uma
ruptura de fé que arruina todo contrato discursivo; na mentira [e na
Razão de Estado, RR] o ouvinte não é capaz de explicitar nenhuma
estrutura; trata-se de um discurso ´fora da lei´”. ( ) Quando
descoberta, a mentira precisa de razões excusas para justificar seu
abuso. A verdade não precisa se desculpar, salvo justamente diante da
razão de Estado, como se apreende da história desta política que não
ousa dizer seu nome. Os julgamentos das seções especiais de Justiça em
Vichy, os julgamentos de Moscou e muitos outros julgamentos demonstram
esse ponto.
Quais
mentiras operam na cultura ocidental, berço da razão de Estado? Na
ficção, que sem dúvida não é verdadeira mas também não é mentirosa,
pois não intenta enganar. Na lingua política comum, não presa à Razão
de Estado, pois nela se encontram os eufemismos, as evasivas, os
silêncios, as desinformações. Esta lingua promete sem prometer e deseja
agradar e conseguir votos, persuadir mais do que convencer. Mas não
pode ser dita mentirosa, e sim demagógica. Nela, os interesses
pragmáticos se sobrepõem a todos os demais interesses. A lingua da
publicidade exagera para persuadir, é prescritiva de modo sutil. ( ) A
fala cotidiana conta com fórmulas mentirosas, que não podem ser tomadas
ao pé da letra. Assim nas desculpas, saudações, expressões de
contentamento ou tristeza. “Existem classes e profissões nas quais se
pressupõe, por princípio, que forçam os seus representantes a mentir,
como, por exemplo, os teólogos, os políticos, as prostitutas, os
diplomatas, os poetas, os jornalistas, os advogados, os artistas, os
fabricantes de alimentos, os operadores da bolsa, os juízes, os
médicos, os falsificadores, os gigolôs, os generais, os cozinheiros, os
traficantes de vinho”. ( ) Mas as mentiras profissionais são
partilhadas. Passemos ao caso da mentira como ato de violência e poder.
A
mentira real se identifica com a injustiça. Ela é violência só
justificada pela aceitação do violentado. Nela, as duas partes
—mentiroso e enganado— sabem que estão mentindo um ao outro, mas ao
dirigido só resta aderir ao dominante. Na mentira real a competência
linguistica é assimétrica: mente-se à criança, ao doente, ao fraco, ao
vulnerável, ao que depende de tutores. A Razão de Estado se instala com
a dominação assimétrica absolutista. É o caso de James I, que afirma
ser o rei “accountable” apenas perante Deus. Aos súditos, ele ensina e
manda sem que eles possam exigir prestações de contas. A luta contra a
Razão de Estado formou as revoluções democráticas na Inglaterra, na
América e na França. Na democracia, a competência lingüistica é
simétrica e compartilhada.
A
Razão de Estado contraria o genero humano porqueque sua mentira é
injustiça que não toma governantes e governados como iguais, mas reduz o
governado a meio do governante. A mentira se oculta na Razão de
Estado, porque senão ela perde efeito. Fé pública e verdade garantem
deveres, leis, contratos. Pitt Rivers ( ) afirma que a mentira mede a
hierarquia. Mentir é uma relação que se faz cima para baixo. Trata-se
de saber quem possui direito à verdade. Mentira é não dizer a verdade a
quem possui direito a ela. A ordem que chega de cima não é mentira,
mas palavra de poder, modelo de ação para quem a recebe. Quem precisa
fazer sua informação subir mente se esconde não a purifica o
conveniente para o seu nível. Os totalitarismos “nunca reivindicaram a
si mesmos como prováveis, mas como verdadeiros”.
3) Eleições
Se
quisermos conhecer a “realidade” de um coletivo humano, as eleições
ajudam bastante. Mas os escrutínios eleitorais trazem muitas
incertezas. Em primeiro lugar, pensa François Dagognet ( ), porque o
poder, desde o início, “se imiscui na operação e a embrulha: ele deseja
em demasia uma ´representação´que lhe seja favorável”. Nas eleições e
nos escrutínios, são misturadas três imagens: “a real (se esta palavra
tem algum sentido) a normativa ou potencial, pois se trata de encontrar
uma direção futura, a desejada ou procurada, porque os manipuladores
tendem a se perenizar e cuidam bem de desregular os indicadores”. O
ponto maior é que eleições visam menos o conhecimento de ideais, ou
exigências coletivas, e geram mais a afirmação de poder de grupos. Na
história eleitoral os grupos poderosos reduziram o voto público (com as
mãos erguidas, em voz alta, etc) em proveito do voto secreto. O voto
secreto é mais indicado, quando se trata de instaurar a justiça e a
liberdade? Leiamos Montesquieu: “A lei que fixa o modo de dar os
bilhetes dos sufrágios é lei fundamental na democracia. É um grande
problema saber se os sufrágios devem ser públicos ou secretos. Cicero
escreve que as leis que os tornaram secretos nos últimos tempos da
República foram em grande parte a causa de sua queda”. ( ) E Rousseau
afirma o seguinte: “quanto à maneira de recolher os sufrágios, ela era
entre os primeiros romanos tão simples quanto seus costumes, embora
menos simples do que em Esparta. Cada um dava seu sufrágio em voz alta,
um funcionário os anotava…Este uso era bom, enquanto reinou a
honestidade entre os cidadãos e cada um tinha vergonha de fornecer
publicamente seu voto a uma deliberação injusta ou assunto indigno, mas
quando o povo se corrompeu e os votos passaram a ser comprados, foi
conveniente que eles fossem dados em segredo”. (Contrato Social, IV,
IV).
4) Justiça
Dos
retores criticados no Górgias à “nobre mentira” da República, daí ao
elogio da dissimulação e do engodo trazidos pela Razão de Estado,
passando aos procedimentos de Goebbels e similares, para atingir a era
dos que Vance Packard chamou “Os persuasores ocultos” e atualmente nas
técnicas de persuasão à distância analisados por Peter Sloterdijk ( )
ou nos laboratórios de neurotecnia que visam mover pessoas com o uso de
meios eletrônicos ( ), temos a constante busca da justiça, conduzida
por alguns seres humanos, mas também a perene afirmação da injustiça,
pela maior parte dos que dirigem os Estados. A democracia resistiu aos
totalitarismos, mas rende-se, cada vez mais, aos encantos e facilidades
de legitimação trazidos pelas eleições, ganhas na sua maioria com
poderosa assessoria dos novos retores, os donos do marketing político.
Se os retores gregos embelezavam as palavras com fins de persuasão, hoje
os seus herdeiros embelezam todo o corpo dos políticos, fabricam seres
artificiais com ajuda de todas as formas cosméticas. O Brasil foi bem
servido nesta faina de cosmetizar a política para reforço da injustiça.
Platão diz que a Justiça é como um bicho escondido em moitas. Ela foge
das mãos e pernas dos que a procuram. Poucos podem atingi-la em tempo
certo. Eleições também enganam e mostram enganos. E tudo isso pertence à
ordem do poder político.
NOTAS
(1) Cf. Kennedy, G. A. : On Rhetoric: A Theory of Civic Discourse (Oxford University Press, 1991) ; Sarkar, H. : “Kant. Let us compare”. The Review of Metaphysic, volume 58, 2005.
(2) E.R. Dodds, Gorgias. A revised text with introduction and commentary (Oxford, Clarendon, 1992, second impression), p. 31.
(3) Dodds, op. cit. p. 33.
(4) Cf. Brès, Yvon: La Psychologie de Platon (Paris, PUF, 1973), p. 52.
(5) Cf. Hesk, J. : Deception and Democracy in Classical Athens (Cambridge, University Press, 2000), p. 154.
(6) Cf. Hesk, op. cit.
(7) Citado por Besse, G. : “J.-J. Rousseau: maître, laquais, esclave” . In Hegel et le siècle des Lumières, livro coletivo organizado por J. d´Hondt (Paris, PUF, 19749.
(8) Watkins, F. “Introdução” a Rousseau Political Writings (Thomas Nelson & Son Ed.) 1953.
(9)
H. Parret, “Élements d´une analyse philosophique de la manipulation
et du mensonge”, Documents de Travail, Università di Urbino, 1978,
citado por Victoria Camps.
(10) Neste plano, o clássico de Vance Packard, The hidden persuaders (New york, David Mac Kay & Co. 1957) é a referência fundamental.
(11) Herman Kesten (Ed.) : Schwierigkeinten, heute die Wahrheit zu schreiben (Munique, 1964), citado por H. Weinrich, Metafora e menzogna; la serenità dell´arte (Bolonha, Il Mulino, 1976). Cf. Camps, p. 36.
(12) Pitt Rivers “Honor and social status” . In J.G. Peristiany (Ed.), Honor and Shame: The Values of Mediterranean Society Chicago: University of Chicago Press, pp. 19-77. Citado por Amélia Valcárcel na edição espanhola : Antropologia del honor, Barcelona, Crítica, 1979, pp. 30 e ss.
(13) “Élection” in Philosophie de l´Image (Paris, Vrin, 1984), pp. 186 ss.(14) O Espirito das Leis, II, cap. II. Citado por Dagognet.
(15) Die Verachtung der Massen (FAM, Sonderdruck, Suhrkamp, 2000).
Moreno, J. D. Mind Wars. Brain Research and National Defense (NY, Dana Press, 2005).
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