Peritos concluem que Neruda não morreu de câncer e teoria sobre envenenamento ganha força
Relatório realizado por especialistas estrangeiros foi divulgado na noite desta sexta-feira, 20
O Estado de S. Paulo
21 Outubro 2017 | 13h49
21 Outubro 2017 | 13h49
Um grupo de 16 especialistas internacionais convocados pela
justiça chilena concluiu, nesta sexta-feira, que o poeta e prêmio Nobel
de Literatura Pablo Neruda não morreu devido a um câncer, como consta em
sua certidão de óbito, pouco depois do golpe militar de 1973.
"É rotundamente e 100% certo que a certidão (de óbito)
não reflete a realidade do falecimento", afirmou o médico Aurelio Luna
em coletiva de imprensa.
O comitê de
peritos médicos entregou nesta sexta-feira, 20, o relatório sobre a
análise da causa de morte do poeta Pablo Neruda, que poderia ter sido
envenenado pela ditadura chilena. O poeta faleceu numa clínica de
Santiago em 23 de setembro de 1973, apenas 12 dias depois da tomada pelo
poder do ditador Augusto Pinochet.
A
certidão de óbito consta que Neruda morreu devido ao agravamento de seu
câncer de próstata, às vésperas da viagem que consolidaria seu exílio
no México. Especialistas do Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, Espanha e
Chile foram convocados para averiguar se o poeta teria sofrido alguma
espécie de intoxicação através da administração de germes ou toxinas
bacterianas."Os especialistas estão trabalhando arduamente e achamos
que vai ser um bom relatório que vai ter coisas inéditas", disse
Rodolfo Reyes, sobrinho do escritor em entrevista à AFP, antes da
conclusão ser divulgada. Ainda que tenha levantado suspeitas à época, os rumores
de envenenamento só vieram à tona em 2011, com a publicação de
declarações do motorista e assistente pessoal de Neruda, Manuel Araya,
que afirmou que o poeta piorou depois que lhe aplicaram uma injeção no
abdome. "É preciso ser muito prudentes e pensar que estamos
analisando amostras degradadas com uma antiguidade significativa, e que
isso sempre vai significar uma limitação às possíveis conclusões
obtidas" disse Aurelio Luna Maldonado, especialista da Universidade de
Murcia, que estima haver entre 20% e 25% de chances da resolução do
mistério sobre as circunstâncias da morte do escritor.Perícias de 2013 foram inconclusivas sobre o
envenenamento de Neruda, entretanto com o prosseguimento dos testes
foram encontrados rastros de estafilococo dourado (Staphylococcus
aureus) nos restos mortais, uma bactéria altamente infecciosa e letal. A
clínica Santa María, onde o poeta faleceu, conta ainda com outra morte
duvidosa, a do ex-presidente Eduardo Frei Montalva, que teria sido
envenenado por agentes da ditadura em 1982.Neruda era um dos principais políticos comunistas do
país e contava com grande apoio popular, podendo se tratar de um grande
empecílio à ditadura chilena.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.