Política por Luiza Leão e Gabriel Nascimento no dia 25 de Jan de 2018 • 08:28
Professor de Ética diz que Moro age com ʹdesejo de agradar a mídiaʹ
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Após ter
sentido na pele o peso de um julgamento político no ano de 1964, o
professor de Ética e Filosofia da Universidade de Campinas (Unicamp)
Roberto Romano comparou o processo pelo qual passou ao enfrentado pelo
ex-presidente Lula, condenado em segunda instância pelo Tribunal
Regional Federal da 4 Região (TRF-4), em Porto Alegre, nesta
quarta-feira (24).
O acadêmico apontou parcialidade do juiz federal Sérgio Moro. "Lhe
digo com segurança que, mesmo naquele momento, não tive um juiz tão
acusador quanto se vê no caso deste processo [de Lula]. Temos uma
distorção muito séria na função do magistrado. Moro mostrou todo o seu
desejo de agradar a mídia com a prisão de Lula. Com estardalhaço, foi
feita uma prisão coercitiva, quando na verdade ele já tinha se disposto a
depor", declarou, em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole, na manhã desta quinta-feira (25).
O julgamento de Lula, considerado "traumático", foi citado pelo professor como um momento para exemplificar a necessidade de fortalecimento da democracia no país. "É bonito falar de democracia quando você pensa que a sua é democracia e a minha não vale... O diálogo tem que ser racional e as posições contraditórias. Se a minha posição de hoje se mostrar errônea, não tenho nenhum problema, por isso estudei a filosofia. Quando você erra, você admite que errou. Mas se você nunca erra, há algo errado", disse.
Não só Moro foi alvo de críticas de Romano, que acusou o Ministério Público Federal (MPF) de ser parcial. "O MPF desde o episódio do Power Point mostrou que tem uma posição militante política. Isso é muito sério", acrescentou.
O estudioso também falou da gravidade da corrupção no espectro político nacional, ao qual atribuiu uma mancha. "Tem uma luta da Lava Jato para debelar esse mal, mas é impossível. Se não for efetivada mudança, que seja uma república federativa mesmo, essa concentração de recursos no governo federal, que viabiliza o ʹdando que se recebeʹ, se você não cria uma instituição nova efetivamente a corrupção estará lavrando por baixo. Você encontra os famosos bodes expiatórios, você encontra uma pessoa que de fato tem indícios e alguns elementos testemunhais, mas você não leva o rigor a exigência da prova", concluiu.
O julgamento de Lula, considerado "traumático", foi citado pelo professor como um momento para exemplificar a necessidade de fortalecimento da democracia no país. "É bonito falar de democracia quando você pensa que a sua é democracia e a minha não vale... O diálogo tem que ser racional e as posições contraditórias. Se a minha posição de hoje se mostrar errônea, não tenho nenhum problema, por isso estudei a filosofia. Quando você erra, você admite que errou. Mas se você nunca erra, há algo errado", disse.
Não só Moro foi alvo de críticas de Romano, que acusou o Ministério Público Federal (MPF) de ser parcial. "O MPF desde o episódio do Power Point mostrou que tem uma posição militante política. Isso é muito sério", acrescentou.
O estudioso também falou da gravidade da corrupção no espectro político nacional, ao qual atribuiu uma mancha. "Tem uma luta da Lava Jato para debelar esse mal, mas é impossível. Se não for efetivada mudança, que seja uma república federativa mesmo, essa concentração de recursos no governo federal, que viabiliza o ʹdando que se recebeʹ, se você não cria uma instituição nova efetivamente a corrupção estará lavrando por baixo. Você encontra os famosos bodes expiatórios, você encontra uma pessoa que de fato tem indícios e alguns elementos testemunhais, mas você não leva o rigor a exigência da prova", concluiu.
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