Flores

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quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Gabriel Naudé, por Roberto Romano


No século 20 ocorreram  inúmeros golpes de Estado, produzidos pelo motivos mais diversos em termos ideológicos, religiosos, políticos. Uma parte considerável daqueles atos tinha coreografia definida: na madrugada soldados dirigiam tanques de guerra e tomavam as ruas das capitais. Estações de rádio e televisão transmitiam informes do governo ameaçado. Pouco a pouco, às vezes com rapidez, o legalismo silencia e surgem proclamações rebeldes. Música patriótica compõe o apelo emocional ao povo. Caídos os dirigentes antigos os novos, não raro uma junta, interrompem os direitos civis, sempre para limpar a pátria de toda corrupção, afastar os inimigos comunistas, imperialistas norte-americanos, ou algo assim.  Longos anos de arbítrio deixam irresolvidos os problemas apontados como origem do golpe. Novo levante militar, piora a situação do Estado. Poucos países sairam desta roda sombria aptos para a democracia e puderam confiar em técnicas políticas ou jurídicas aptas a produzir um Estado onde se permta o convívio entre as diferentes opiniões no mesmo espaço social.

O modelo militarista foi demasiado comum no século 20. Ele deixou na sombra que o golpe de Estado é algo mais amplo, mais profundo, mais sutil do que a intervenção das casernas. Um golpe pode ser incruento e não suspender todos os direitos civis. Ele também pode não destruir as determinações abstratas do direito na vida política. Caso se efetivem mudanças micrológicas na ordem legal e de governo e feito pequeno acréscimo ou subtração nas leis, o seu efeito é tão desastroso para a democracia quanto um intervento armado. Somadas, as micro intervenções geram rupturas no direito público e privado, o que instala o medo e a desconfiança geral  frente às instituições.

São inúmeras as teorias sobre os golpes de Estado. Elas existem nos que pensaram a ordem política, dos filósofos gregos a juristas como Hans Kelsen ou Carl Schmitt. Em Gabriel Naudé encontra-se o esboço ideal dos golpes modernos, atuais, futuros. Por ser uma leitura inventiva de Maquiavel para o mundo francês, ([1]) na época em que o Estado absolutista era formado sob a direção de Richelieu, as  Considerações Políticas sobre os Golpes de Estado ordenam ainda no século 17 um paradigma digno de ser observado, discutido, aprendido e, sobretudo, temido nas terras que se pretendem democráticas.

Gabriel Naudé, na juventude, aprendeu literatura, filosofia e medicina.  Dedicado aos livros, foi notado por pessoas relevantes de seu tempo, como o presidente Mesme,[2] que lhe confiou a sua biblioteca. Embora não aceite o convite, ele redige para Mesme um texto técnico, Advis pour dresser une bibliothèque (1627. Alí, propõe a abertura de uma biblioteca universal aos letrados, com livros úteis à comunidade dos sábios, com a classificação dos escritos segundo uma “ordem natural”. Naude forma o grupo Tétrade, núcleo da chamada “libertinagem erudita”, onde qual problemas filosóficos são debatidos. ([3]) O libertino e bibliotecário aceita o pensamento aristotélico e nele visualiza um método positivo de pesquisa racional. Mas sua política segue Maquiavel. É próprio ao seu uso do maquiavelismo certa frase em que ele afirma ser preciso “abolir toda idéia de direitos que não sejam do chefe” [abolir toute idée de droits autres que ceux du chef] e depois,  “tornar a política autonoma diante da moral, soberana diante da religião”  [la politique autonome par rapport à la morale, souveraine par rapport à la religion ]. Naude é escolhido em 1628 pelo Cardeal de Bagni (na Itália) como bibliotecário. Recebe em 1633 o título de Médico de Luis 13 e o doutorado em Pádua. Chamado em 1642 por Richelieu, pouco antes da morte do estadista, passou ao serviço de Mazarino. Em dez anos, reuniu 40 mil volumes de manuscritos raros, núcleo da atual Biblioteca Mazarino. Grande parte daqueles textos foi dispersada durante a Fronda. Em 1652 a rainha Cristina da Suécia lhe oferece a direção de sua biblioteca. Saúde delicada, ele morre ao retornar para a França, na idade de 53 anos.  ([4])
O pensamento de Naudé entra no rol dos que, na França, assumem a defesa explícita da razão de Estado, como é o caso de Guez de Balzac com o livro Le Prince título que imita Maquiavel nas condições francêsas.  Segundo Naudé "a consideração do bem e da utilidades públicos passa acima da utilidade particular”. la considération du bien et de l'utilité publique passe ... par dessus celles du particulier." (Considerações Políticas sobre o Golpe de Estado). Tal “interesse público” surge nas Considerações…com o elogio da Noite de São Bartolomeu (1572). Segundo o escritor, aquele ato é “le plus hardi coup & le plus subtilement conduit que l´on ait jamais pratiqué en France ou en autre lieu (…) une action très juste, & très remarquable, & dont le cause  étoit plus que légitime, quoique les effets en ayant été dangereux & extraordinaires” ([5]) Tal juízo é consentâneo com a tese inicial do tratado, onde se afirma que “os téologos não são menos religiosos porque sabem em que consistem as heresias; nem os médicos menos honestos porque sabem a força e a composição de todos os venenos. Os hábitos do entendimento são distintos daqueles que têm como origem a vontade, e os primeiros pertencem às ciências e sempre são louváveis, os segundos ligam-se às ações morais, que podem ser boas ou más. (…) Os soldados se exercitam para aprender a manejar a lança e atirar com o mosquete afim de poder, com mais artifício e indústria, matar os homens e destruir os semelhantes: mas eles usam aqueles instrumentos apenas contra os inimigos de seu Príncipe, ou patria. Os melhores cirurgiões estudam para poder cortar braços e pernas com destreza, e para a saúde dos doentes (…) por que, então, seria proibido a um grande político saber levantar ou rebaixar, produzir ou prender, condenar ou absolver, fazer viver ou morrer, os que julga correto tratar assim, para o bem e repouso de seu Estado?”. ([6])
Falar de política, afirma Naudé, sem discutir o golpe de Estado é assumir o papel de apaideutos (apaideutws)  a pessoa desprovida de informações necessárias para tratar de um assunto. Na tarefa de provar seu ponto de vista, segundo o qual é preciso conhecer os golpes de Estado, Naudé cita São Tomás de Aquino, nos comentários sobre a Política de Aristóteles. O trecho tomista é o capítulo XII dos comentários, onde o doutor da Igreja “ensina hipocrisia e dissimulação” : “Não é preciso que um tirano, para se manter na tirania, pareça cruel aos subordinados, pois se fosse assim ele se tornaria odioso, o que os pode facilmente levantar contra ele. Mas ele deve parecer venerável pela excelência de alguma virtude, pois é devida toda sorte de respeito à virtude; e se ele não possui tal qualidade excelente, deve fingir que a possui”. ([7]) Comentário mordaz de Naudé: “Eis preceitos bem estranhos na boca de um Santo e que não diferem em nada dos emitidos por Maquiavel e Cardano.” ([8]) Logo a seguir, ele adianta que os preceitos são dados por Aquino para tornar conhecidos as técnicas tirânicas e permitir que os governados se precavenham contra quem age de acordo com elas.
No entanto, após fazer o elogio da prudência como virtude política, Naudé a entende segundo as palavras de Luis XI, do qual cita o mote conhecido: Qui nescit dissimulare nescit regnare . ([9]) E continua a sua exposição com a tese de que “a maior virtude que hoje reina na corte é desconfiar de todo mundo, e dissimular contra todos, porque os simples e francos, não servem para o ofício de governar e traem com frequência a si mesmos e ao seu Estado”. E segue a definição do golpe de Estado, a mesma concedida às máximas e razões de Estado: “ut sint excessus juris communis propter bonum commune [elas são um excesso do direito comum, por causa do bem público]. Ou então, “ações ousadas e extraordinárias que os principes são constrangidos a executar nos assuntos difíceis e como desesperados, contra o direito comum, sem mesmo guardar nenhuma ordem ou forma de justiça, jogando com o interesse do particular pelo bem do público”. ([10]) Nos golpes de Estado, o tempo é invertido, porque neles “ se enxerga primeiro cair a tempestade e depois são ouvidos os trovões, as matinas são ouvidas antes que o sino toque para anunciá-las, a execução precede a sentença; tudo é feito ao modo judaico (…) fulano que pretendia dar o golpe, o recebe antes, sicrano morre imaginando estar seguro (…) tudo é feito à noite, no escuro, entre brumas e trevas”. ([11]) No golpe de Estado, o processo penal é feito após a execução do acusado.
Meinecke expõe de modo sintético e acertado o pensamento de Naudé, no clássico A Idéia de Razão de Estado na História dos Tempos Modernos. A primeira nota a ser sublinhada por Meinecke diz respeito ao lugar de Naudé na estrutura política, próximo aos operadores da máquina estatal. O ajudante de Richelieu e de Mazarino é próximo dos poderosos, mas afastado o bastante para poder refletir sobre as questões políticas. Naudé, ao contrário do duque de Rohan e de outros auxiliares do grande cardeal francês, é o único a ser apenas sábio e autor.
Meinecke insiste na importância de Maquiavel para Naudé, mas também indica Montaigne como fonte estratégica em seus escritos. ([12]) É preciso, quando se planeja um golpe de Estado, ter em vista dois elementos principais. O primeiro é a transitoriedade de todos os poderes e o segundo reside na prudência de não abalar o mundo para conseguir o golpe. Grandes rupturas ocorrem sem que se pense demasiado sobre elas, ou sem a necessidade de grandes preparativos. O político consegue obter mudanças políticas usando meios insignificantes. O estadista é definido pela síntese de sabedoria e refinamento, calmo desapego e muita energia. O ceticismo integra a desconfiança nos meios “normais” de poder.
Existe uma outra ruptura importante: o frio ceticismo do estadista não se adequa ao entusiasmo da massa. De um lado Naudé despreza as multidões pois a elas falta a razão e se torna a caça privilegiada dos retores, e se torna expectadora passiva das piores tragédias políticas. A multidão é mar sempre batido por ventos e tempestades. É preciso, portanto, enganar as massas com o uso de escritores venais, milagreiros, propaganda bem arquitetada. Com sugestiva remissão a Campanella, Meinecke recorda o dito de Naudé segundo o qual um soberano que dispõe de doze bons oradores, faz-se obedecer melhor do que ao usar dois exércitos. Para Naudé o cerco de La Rochele ofereceu maior dificuldade ao rei porque a fé dos rebeldes era mantida por quarenta pregadores, e não por capitães e soldados. E chega ao final do silogismo: a superstição é a força mais poderosa para mover o povo, o meio mais fácil para atingir alvos políticos e religiosos. Foi um erro deixar que Lutero assumir importância. Ele deveria ser destruído por um golpe de Estado. Ou então, ele deveria ter sido posto fora do jogo com uma prebenda e pensão. Richelieu conseguiu dobrar os protestantes porque comprou os melhores capitães. 
O principe deve possuir, no ideário de Naudé, três auxiliares: a força, a justiça, a prudência. A justiça determina que ele viva segundo as leis divinas e naturais. Se a justiça divina ou natural deixam de operar, ele precisa recorrer à uma justiça específica, a definida pela “necessidade das políticas e dos Estados”. Quanto à prudência, trata-se para ele de manter o segredo pessoal e o do Estado.
Meinecke termina suas considerações sobre Naudé indicando que a razão de Estado é um dos fatores principais que abriram a Estrada ao movimento das Luzes, tanto porque exigiu uma formação peculiar do espírito, quanto porque flexibilizou os valores dogmáticos. A própria filosofia das Luzes combateu, mais tarde, a razão de Estado, porque os pensadores do século 18 defendiam o indivíduo e não um coletivo, além de não aceitar quebras e golpes nas leis naturais ou políticas. Finalmente, as Luzes, pelo seu pleno sentido humanitário, se revoltava com uma situação de privilégios para os governantes, em detrimento dos povos.





[1] “O próprio Naudé (…) representa melhor do que ninguém a imitação da Itália e a tendência monárquica dos francêses”. Joseph Ferrari: Histoire de la raison d´État (Paris, Kimé, 1992, 1ª ed. 1860), p. 329
[2] Além de ser uma personalidade importante do período, Mesme manteve tratos com importantes pensadores, entree Michel de Montaigne. Cf. Jean Starobinski: Montaigne em movimento (SP, Cia. Das Letras, 1993), p. 57.
[3] Os dados biográficos são retirados da Biografia de Naudé editada on line pela Bibliothèque National de France [ http://classes.bnf.fr/dossitsm/biograph.htm]
[4]Além do texto diretamente dirigido ao golpe de Estado, Naudé escreveu sobre assuntos de imediato interesse no debate político e religioso do período. Suas cartas ilustram sua inserção na ordem do dia estatal ou eclesiástica. Cf. Wolfe, P. (Ed.) Lettres de Gabriel Naudé à Jacques Dupuy (1632-1652) (Edmonton, 1982). Gabriel Naudé, Instruction à la France sur la vérité de l'histoire des Frères de la Rose-Croix (Paris, 1623) e também Apologie pur les grands hommes soupçonnés de Magie, (Paris, 1625). 

[5] “O golpe mais ousado e de aplicação mais sutil dentre todos os empreendidos na França ou em outro lugar (…) uma ação muito justa e notável, cuja causa era mais do que legitima, embora seus efeitos tenham sido muito perigosos e extraordinários”.  (Considerations politiques sur les coups d´ État, I).
[6] Considérations politiques sur les coups d´État in Bibliothèque de Philosophie politique et juridique. Centre de Philosophie politique et juridiqye. ERA-CNRS, Université de Caen, 1989, página 19.
[7] “Expedit tyranno ad salvandam tyrannidem, quod non appareat subditis saevus seu crudelis, nam si appareat saevus reddit se odiosum; ex hoc autem facilius insurgunt in eum: sed debet se reddere reverendum propter excelenttiam alicujus boni excellentis, reverential enim debetur bono excellenti. Et si non habeat bonum illud excellens, debet simulare se habere illud”.
[8] Considérations…ed. cit. Naudé… “brinca alegremente com a austera tolice dos teólogos que faziam consistir a verdadeira razão de Estado em amar a Deus e praticar a virtude mais pura. Discipulo do secretário de Florença, de Botero, de Malvezzi, mesmo de Clapmar, ele exibe os piores venenos com uma complacência satânica, ele goza quando escandaliza os mais veneráveis tolos da época e o vemos feliz ao dizer que é amigo de Campanella (…) ele se encanta ao demonstrar que só o crime funda as monarquias, que Clovis era um vagabundo, Moisés um impostor e todos os herois gregos e romanos, canalhas. Ao demolir tudo o que se adora, ele toma o mundo de trás para diante; e nos previne que para nos preparar para o golpe de Estado é preciso antes estar convencido de que tudo pode mudar de um instante para outro, e que as mais antigas monarquias podem se transformar em repúblicas”. Joseph Ferrari, op. cit. pp. 329-330. p. 27.
[9] Considérations, ed. cit. p. 60.
[10] Para uma análise correta destes enunciados de Naudé, cf. Joël Cornette: La monarchie entre Renaissance et Révolution, 1515-1792. (Paris, Seuil, 2000), pp. 222-223.
[11] Sejam recordadas as magníficas frases de Jan Kott ao comentar o Ricardo 3º de Shakespeare, uma peça toda ela edificada segundo o golpe de Estado. “Ricardo escala rápidamente os degráus que o separam do trono. Mas o golpe de Estado ainda não ocorreu. É preciso jogar o terror sobre a Câmara dos Lordes e sobre o Conselho da Coroa. É preciso aterrorizar a cidade. E agora veremos os que julgam costruir a história. Veremos, desembaraçados de toda mitologia e desenhado em grandes pinceladas, o quadro vazio da prática política. Veremos, transformado em drama, um capítulo do Príncipe de Maquiavel, a cena do golpe de Estado. (…) Quatro da manhã. Pela primeira vez nesta tragédia Shakespeare indica a hora exata. E justamente, temos quatro horas da manhã. Porque? É o instante entre noite e alvorada, átimo em que nos altos postos as decisões já foram tomadas e o que deveria acontecer, aconteceu; mas é o minuto no qual ainda é possível salvar a própria cabeça, a hora em que é possível fugir. A última hora da livre escolha. Toca o telefone, alguém bate apressadamente à porta. Quem é? Não sabemos. Um amigo, ou já é o enviado pelo Grande Mecanismo? (…)Lord Hastings tinha seus amigos no Conselho. E acreditava na legalidade. O golpe de Estado, estou de acordo, mas em toda a majestade do direito.  Ainda três horas antes, ele defendia a legitimidade e recusara se ligar à evidente violação. Ele quisera salvar os restos do pudor, os restos da honra. Ele tinha sido corajoso. Ele tinha sido… Ricardo se compara a Maquiavel; ele é verdadeiramente o príncipe (…) política, para ele, é prática pura, arte cujo fim é reinar. Ela é amoral, como a arte de construir pontes ou lição de esgrima (…) Ricardo é a inteligência do Grande Macanismo, sua vontade e sua consciência. Pela primeira vez Shakespeare mostra o rosto do grande mecanismo. Ele é medonho devido ao seu murmúrio e seu encarquilhamento nojento. Mas ele é fascinante”. Shakespeare, notre contemporain.Paris, Payot, 1978), pp. 26-29. Reflexão eloquente do kayrós grego e maquiavélico.
[12] Meinecke indica o “honnête homme” de Montaigne como relevante para Naudé. Penso ser mais provável que ele tenha sido mais determinado pelas noções de monstruosidade e de exceção nos Ensaios, tendo-se em vista as Considerações políticas sobre os golpes de Estado. Estes últimos constituem motivo de escândalo, como os monstros, para juristas pouco afeitos à política, devido ao fato de que definem exceções às regras. Após Naudé, foi preciso chegar aos escritos de Carl Schmitt, para o exame da exceção. Não tenho espaço para analisar tal ponto. Cito um trecho de Starobinski sobre Montaigne, cuja lógica se aproxima fortemente das Considerações: “Não é impossível que Montaigne, no início da redação dos Ensaios, tenha partido em busca de paradigmas de toda ordem (políticos, militares, morais) e que tenha tentado escrever um manual do perfeito fidalgo. Mas sua atenção voltou-se de imediato (…) para a exceção que desmente o paradigma, para a discordância entre as lições implícitas dos grandes exemplos propostos pela tradição ou para o que dizem os memorialistas sobre os resultados ora favoráveis ora desastrosos de uma mesma conduta. (…) Nenhum ato humano pode pretender a dignidade de modelo fixo, de regra universal; há ocorrências singulares, acontecimentos notáveis e pessoas fora do comum, digno de reter nossa atenção. (…) Os monstrous, os jogos da natureza reivindicam o direito de figurar na mesma condição que as formas regulares, já que a natureza, por toda parte igual a si mesma, não saberia distinguir entre seus filhos uma descendência legítima e uma progenitura bastarda. O desvio é doravante apenas uma das vias possíveis”. Montaigne em movimento, ed. cit. pp. 26-27.

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