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domingo, 21 de janeiro de 2018

A esquerda precisa refazer o compromisso com a militância


A esquerda precisa refazer o compromisso com a militância

"O erro do PT foi se aliar ao PMDB", disse.
“O erro do PT foi se aliar ao PMDB”, disse.
O professor de ética e filosofia da Unicamp, Roberto Romano, falou com exclusividade Ao Jornal Local sobre o governo do presidente Michel Temer (PMDB), o Congresso Nacional e o momento sócio-econômico no Brasil.

Quando questionamento sobre o futuro a curto e longo prazo, ele enxerga a realidade com um pessimismo. “O que se espera é o que há de pior, não há um projeto sério de reforma econômica. A base mais tecnicamente capaz no ministério está  economia”, enfatiza.

“ O ministro da economia dado ao fisiologismo e falta de responsabilidade, em parte atende aos interesses do empresariado e particulares”. A não aplicação de reformas amplas e profundas que altere de forma significativa o desenvolvimento no país já vem provocando um desgaste cada vez maior e até causar a volta da inflação.

“ Estamos assistindo uma compra generalizada de apoios, que foi inaugurado nessa sessão onde Temer seria investigado ou não. Uma coisa de bilhões foram usados para comprar de votos.”, falou. ”É de se esperar uma crise generalizada até 2018  e não sabemos o que esperar após 2018. Uma piora do quadro e não uma melhora. Com essa vitória, entre aspas, do governo Temer, tivemos um aumento exponencial da insegurança coletiva no Brasil”.

Temer se manterá até 2018? “Ninguém sabe, essa base aliada é uma base muito venal, os recursos da compra dessa base já estão se acabando. Não se tem tanto dinheiro assim. Nem tantos cargos também. Se a PGR (Procuradoria Geral da República) apresentar outra denúncia e isso vai passar pelo Congresso e então veremos se serão comprados novamente. E não temos certeza nem disso”.

Conforme o professor Roberto Romano quando se tem um corpo político com voto doutrinário e ideológico, pode-se saber, qual a direção que o Congresso irá seguir. “Mas como houve uma compra tão descarada de votos, e isso não é voto ideológico. Então não existe nenhum rito de lealdade. Eles estão cobrando aumento ao fundo das eleições algo de mais de R 3 bilhões. Os deputados só serão leais se os cofres forem abertos.

O professor lamenta o mau direcionamento de recursos do governo Temer em detrimentos de questões mais abrangentes na sociedade em geral. “Ver  universidades com dificuldades, a UERJ fechando não consegue manter pesquisa nacional. O CNPq não poder garantir bolsas para os próximos meses. Os hospitais não podendo manter  cirurgias. Mas tem R$ 3 bilhões para dar a esses deputados ganhar as eleições com dinheiro público.”.

Romano questiona o posicionamento do governo Temer que está deixando de lado pontos relevantes da sociedade brasileira. “Só vemos aumentar o fisiologismo. O cidadão não tem segurança jurídica, segurança física, não tem saúde, educação, não tem atendimento médico mas tem dinheiro para dar para esses políticos se estabelecerem”.

Para ele a opinião pública deve se mobilizar, os eleitores procurarem em quem votou e solicitar que a democracia seja restabelecida. “Nós temos que fazer de tudo para barrar isso tudo que está ocorrendo no congresso nacional. O que nos estamos assistindo não é democracia e nem república é uma tirania. A visão clássica da Tirania: os governantes usam os recursos dos governados como se fosse os seus. Nós vivemos uma tirania, é isso”.

“A esquerda tem que retomar sua prática”

Questionado se uma resposta viria dos representantes dos partidos de esquerda, o professor Romano diz que a esquerda esta muito quieta e que há poucos membros da esquerda.  “A única esperança que a esquerda retome as suas práticas, refaça seu caminho. O PT tem  Luiz Inácio com 30% das intenções de votos, nenhuma outra liderança no cenário nacional tem essa projeção. Caso haja algum impedimento, acidente, seja preso, não há nenhuma outra liderança, a esquerda tem que fazer seu caminho, retomar sua pratica”.

Os de esquerda, neste momento, a partir de Luiz Inácio, não por acaso se uniram com Sarney. Dilma escolheu Temer para vice, esse foi um erro gravíssimo, assumido as mesmas práticas do fisiologismo (fazer a aliança com PMDB para garantir votos do congresso). Esse ‘realismo’ entre aspas levou a essa situação. Eles deram a benção para prática do fisiologismo.  Isso mostra que o PT não é um partido de esquerda unificado”, falou.

O professor diz que a  esquerda precisa rever seus métodos. “Tem que ir ao povo e deixar os palácios ( congresso, planalto e supremo). Se a esquerda não for para a grande massa, e não romper com essa prática não refazer o compromisso com a militância.”.

Na opinião do professor Romano os partidos pequenos (de menor representatividade) são valorosos, batalhadores, trabalhadores mas sempre foram com pouca representatividade. “Tem o PSol, o PSTU que não têm maior repercussão popular, uma dimensão nacional de massas. O PT conseguiu. Existe  um ou outro representante em um Estado, em um município porém não há uma liderança. Tem muito quebra-quebra interno.  O caso da Rede que tem uma liderança, a Marina Silva e ninguém mais”

O professor acredita que os partidos que não alcançarem representatividade maior no cenário nacional podem desaparecer ou se juntarem. “ O PSDB, que surgiu com os dissidentes do PMDB, neste momento, agora, está dividido. Nada impede que uma parcela volte para o PMDB. Os partidos não tem essa representação que alcançou o PT.”, analisou.

“O PMDB é um partido fisiológico por opção que desgraçou o Brasil, que quase levou a falência e que foi se recuperar bem depois com o Plano Real: a economia mais fisiológica e demagógica possível. Foi com o Sarney que apareceu o Centrão que é uma redefinição agora com o governo Temer.

Roberto Romano diz que, m boa parte,  crise pol´tia atual é resultado de um acomodação da esquerda em relação ao esquema dominante do Estado brasileiro e suas raízes absolutistas. “É estranho hoje, em golpe a direita contra um sistema de esquerda. Boa parte dos ministros de Lula e de Dilma pertence à direita. E tais alianças foram instituídas tendo em vista a governabilidade”.

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