Flores

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terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Uma parte de minha família viveu e vive em Barão de Antonina. Um dos motivos pelos quais digo que é difícil falar em América Latina, está nela: basta ver a lista das nacionalidades e culturas alí reunudas, depois espalhadas pelo Brasil e pela América do Sul. RR


Barão de Antonina passa a ter sua história registrada em livro

Na noite de sábado(09), no Centro Cultural “Profª Leonor Harue Fukuoka, o escritor Luiz Gonzaga de Carvalho fez o lançamento da obra “Barão de Antonina o despertar de uma cidade”. Para custear a impressão do livro, o autor contou com a colaboração de Nádia Luch que se encarregou de obter doações de empresas e famílias. Toda a renda está sendo revertida para o Fundo Social de Solidariedade do município, onde os interessados poderão adquirí-lo por R$ 20,00 cada exemplar. Para os que residem fora, o telefone de contato do Fundo Social é o (15) 3573-1133. No final, fotos do evento.
Com apresentação do radialista Jair Patriarca, o evento contou com as presenças do prefeito Silvio Melo e dos ex-prefeitos Chico Neres, Joaquim Proença, Leôncio e Vicente Furtado. No final teve a apresentação do coral local, o Coral Infantil e Juvenil Musicanto, sob a regência da maestrina Valdicélia Carvalho, e após, um coquetel para o público presente.
Em 206 páginas, com a colaboração de informações também de Nádia Luch e da professora Lúcia Helena Müller de Oliveira, o autor, que atuou como professor na cidade resgatou fatos e fotos desde as primeiras movimentações, em 1914, para a criação do então Núcleo de Colonização Barão de Antonina, que além de brasileiros recebeu imigrantes de 16 nacionalidades da Europa e Ásia. Existiu um tempo em que a localidade chegou a ter mais de 300 famílias de imigrantes, entre esses as famílias Luch, Bujokas, Vagacs, Baumguertner, Chiscuic, Grimaloff, Katachinsky, Sorokin, Tamerik, Mazenko, Elsner, Dudly, Burdiak, Klends, Adzgauskas, Romanoff, Bohatin, Zeman, Dittman, Wippich, Kioka, Tidimam, Struminski, Meskaukas, Ital, Fukuoka, Katayama, Takeshita, Kuharashi, Kanekyo, Suguy, Obuti e Watanabe.

Como numa viagem de 100 anos, Luiz Gonzaga de Carvalho conta a história do município desde a 1ª capela, o 1º padre, os primeiros comércios, o 1º hospital e seu médico, e o 1º estabelecimento de ensino.

Professor Luiz Gonzaga de Carvalho

“O que nos levou a elaborar o presente trabalho foi o fato de se tratar de um município relativamente novo e porque nele atuando como professor há poucas décadas antes de sua emancipação política, tivemos contato com algumas das primeiras famílias brasileiras e estrangeiras ali alocadas, muitas das quais guardavam e guardam memórias interessantes, desde 1 914, quando das primeiras providências para a instalação do Núcleo de Colonização, fato que, com certeza, facilitará nossa empreitada de relatar os detalhes de suas memórias.

A história e desenvolvimento de Barão estão ligados à necessidade da ocupação territorial que se fez não só por colonos brasileiros, mas também de dezesseis nacionalidades diferentes da Europa e Ásia, provocando um choque de culturas, abalando usos, costumes e a comunicação de difícil adaptação, principalmente, em função de línguas e culturas diferentes além, é claro, de hábitos de alimentação, profissões, religiões e até entretenimentos, considerado ainda o fato de estes imigrantes serem profissionais de atividades alheias as que aqui deveriam exercer na agricultura, pois entre eles havia ferreiros, sapateiros, carpinteiros e até professores. E estando alguns destes ainda vivos, lúcidos e fortes, levou-nos a nos interessar e a encontrar amplos elementos para pesquisas muito interessantes, focando suas sérias dificuldades de recomeço e adaptação de vida a um meio inteiramente novo e, de certa forma, hostil.

As diferentes línguas e costumes foram os elementos que mais afetaram a convivência e a integração dos colonos estrangeiros. Mas como estes eram minoria diante da maioria de brasileiros natos, contando com a boa vontade de ambas as partes construiu-se, sob a orientação, administração e investimento do Estado uma integração razoável das múltiplas nacionalidades, trazendo à região grande progresso, especialmente, como deveria ser, na área agrícola-pastoril, mas não sem muito sacrifício, sofrimento e determinação desses heróis estrangeiros europeus e asiáticos, homens e mulheres que, com a parcela brasileira, tiveram de se adaptar às atividades rurais, a partir de matas fechadas, condições, totalmente, alheias as suas vivências, formações e bem como de suas crianças que, a partir de então, viveram e cresceram nas lides rurais, embora alguns poucos, depois de algum tempo, tenham se aventurado na área comercial na sede administrativa.

Houve época que se juntou no espaço demarcado do Núcleo até 316 famílias de nacionalidades diferentes, tendo os administradores da Colônia o cuidado de não concentrar em lotes vizinhos famílias da mesma etnia visando, assim, integrá-los aos costumes e identidade nacional e impedir a formação de quistos contrários aos sentimentos e interesses de brasilidade.

Assim, sob a orientação, administração e investimentos do Estado, através do Departamento de Colonização e Imigração, conseguiu-se uma integração satisfatória das múltiplas nacionalidades, aos poucos se acomodando e se integrando aos costumes de nossa gente, trazendo à região, em poucos anos, grande progresso, especialmente, como deveria ser, na área agrícola-pastoril.

À medida que a produção crescia, o Estado colocava à disposição dos colonos, através do Centro de Administração, recursos como: serraria, olaria, máquinas de beneficiar arroz, algodão, moendas de fubá, posto de monta, farmácia, hospital, centro recreativo, além de recursos para abertura e conservação de estradas.

Nascia assim, em 1 929, com um projeto totalmente estruturado, o Núcleo Colonial “Barão de Antonina”, homenageando-se João da Silva Machado, o Barão de Antonina, doador das terras que, em 1 944, passou a Distrito da Comarca de Itaporanga e em 1965, desligada desta, foi elevada a Município.

De lá a esta parte, Barão só fez crescer e merece uma análise mais demorada e detalhada do seu desenvolvimento socioeconômico e cultural, como homenagem aos heróis, na maioria anônimos que acreditou e outros tantos que têm posto toda sua fé no seu futuro que há de ser brilhante.

Daí nossa decisão de narrar suas epopeias que a vivência com nosso caboclo ajudaram a construir a história do município de Barão de Antonina” , fala Luiz Gonzaga de Carvalho sobre a sua obra.

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