Fé, alegria, entusiasmo e juventude. Estas foram as chaves das últimas palavras que o Papa Francisco dirigiu aos jovens de Mianmar, em um multitudinário encontro na Catedral de Santa Maria,
antes de voar para a vizinha Bangladesh. Para trás ficam três dias de
uma viagem difícil, marcada pelas mudanças de agenda, as dificuldades
técnicas e a tensão com as autoridades birmanesas a respeito do drama
dos “rohingya”.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 30-11-2017. A tradução é do Cepat.
Finalmente, Bergoglio não pronunciou este termo no país, embora nesta sexta-feira poderá se encontrar, em Daca, com uma pequena comitiva destes refugiados muçulmanos. Tiveram que fugir de Mianmar 620.000 deles e, apesar dos dois países terem chegado a um princípio de acordo para sua repatriação, ninguém confia plenamente em um final feliz.
Antes de partir de Rangum a Daca, Francisco celebrou uma missa com os jovens do país. Uma superlotada catedral aguardava o Papa, e muitos outros ficaram de fora. Tanto é assim que a organização precisou instalar algumas telas gigantes para que centenas de fiéis, que ficaram fora do local, pudessem acompanhar as palavras do Papa.
Francisco chegou ao templo em um pequeno jipe descoberto (diante do que havia sido anunciado, finalmente, sim, o Papa o utilizou em alguns momentos, como na multitudinária missa da quarta-feira) e saudou centenas de jovens que estavam em frente à catedral. As imagens demonstravam uma emoção entre os fiéis: o espírito asiático é muito diferente do europeu ou do latino-americano.
“Queridos jovens de Mianmar: é belo e alentador ver que possuem boas notícias: sua juventude, sua fé e seu entusiasmo. Vocês são sinais concretos da fé da igreja!”, ressaltou o Pontífice. “Vocês são mensageiros de boas notícias, de juventude, fé e entusiasmo”, porque “são sinais concretos da fé da Igreja de Jesus, que nos traz uma alegria e uma esperança que nunca se acabarão”.
“Quero que daqui saia uma mensagem muito clara. Quero que as pessoas saibam que vocês, jovens de Mianmar, não têm medo de acreditar na boa notícia da misericórdia de Deus, porque esta tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. Como mensageiros desta boa nova, estão prontos para levar uma palavra de esperança à Igreja, ao seu país e ao mundo em geral. Estão dispostos a levar a Boa Notícia aos seus irmãos e irmãs que sofrem e que precisam de suas orações e sua solidariedade, mas também sua paixão pelos direitos humanos, pela justiça e para que cresçam o amor e a paz que Jesus nos dá”, ressaltou.
“Nosso mundo está cheio de ruídos e distrações, que podem apagar a voz de Deus”, apontou o Papa, que pediu “autenticidade” aos jovens, mais que proselitismo, para “fazer com que os demais acreditem em Deus”. “É necessário encontrar pessoas que são autênticas. Para isso, precisamos da oração. Aprendamos a escutar sua voz, a falar tranquilamente com Ele, do mais profundo de nosso coração!”, pediu o Pontífice, que estimulou os jovens a “cultivar a vida interior, como fariam em um jardim, ou no campo”, e “compartilhar com Ele o que possuem em seu coração, os temores e preocupações, seus sonhos e esperanças”.
Desse modo, exortou os jovens a “escutar o Senhor e proclamar sua vida, seja qual for sua vocação: sacerdotes, consagrados, casados... sejam corajosos, sejam generosos e, sobretudo, sejam felizes”, acrescentou o Papa, que os animou a “não ter medo de acreditar na misericórdia de Deus, porque possui um nome e um rosto: Jesus Cristo”, e a “levar uma palavra de esperança à Igreja em seu país e no mundo”.
“Não tenham medo de gerar confusão, de fazer perguntas que façam as pessoas pensar. E não se preocupem se, às vezes, sentem que são poucos e dispersos”, destacou. “Peço-lhes que gritem, mas não com a voz, que gritem com sua vida, com seus corações, de modo a ser sinais de esperança para os que estão desanimados, uma mão estendida para o doente, um sorriso acolhedor ao estrangeiro, um apoio carinhoso ao que está sozinho”, concluiu.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 30-11-2017. A tradução é do Cepat.
Finalmente, Bergoglio não pronunciou este termo no país, embora nesta sexta-feira poderá se encontrar, em Daca, com uma pequena comitiva destes refugiados muçulmanos. Tiveram que fugir de Mianmar 620.000 deles e, apesar dos dois países terem chegado a um princípio de acordo para sua repatriação, ninguém confia plenamente em um final feliz.
Antes de partir de Rangum a Daca, Francisco celebrou uma missa com os jovens do país. Uma superlotada catedral aguardava o Papa, e muitos outros ficaram de fora. Tanto é assim que a organização precisou instalar algumas telas gigantes para que centenas de fiéis, que ficaram fora do local, pudessem acompanhar as palavras do Papa.
Francisco chegou ao templo em um pequeno jipe descoberto (diante do que havia sido anunciado, finalmente, sim, o Papa o utilizou em alguns momentos, como na multitudinária missa da quarta-feira) e saudou centenas de jovens que estavam em frente à catedral. As imagens demonstravam uma emoção entre os fiéis: o espírito asiático é muito diferente do europeu ou do latino-americano.
“Queridos jovens de Mianmar: é belo e alentador ver que possuem boas notícias: sua juventude, sua fé e seu entusiasmo. Vocês são sinais concretos da fé da igreja!”, ressaltou o Pontífice. “Vocês são mensageiros de boas notícias, de juventude, fé e entusiasmo”, porque “são sinais concretos da fé da Igreja de Jesus, que nos traz uma alegria e uma esperança que nunca se acabarão”.
“Quero que daqui saia uma mensagem muito clara. Quero que as pessoas saibam que vocês, jovens de Mianmar, não têm medo de acreditar na boa notícia da misericórdia de Deus, porque esta tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. Como mensageiros desta boa nova, estão prontos para levar uma palavra de esperança à Igreja, ao seu país e ao mundo em geral. Estão dispostos a levar a Boa Notícia aos seus irmãos e irmãs que sofrem e que precisam de suas orações e sua solidariedade, mas também sua paixão pelos direitos humanos, pela justiça e para que cresçam o amor e a paz que Jesus nos dá”, ressaltou.
“Nosso mundo está cheio de ruídos e distrações, que podem apagar a voz de Deus”, apontou o Papa, que pediu “autenticidade” aos jovens, mais que proselitismo, para “fazer com que os demais acreditem em Deus”. “É necessário encontrar pessoas que são autênticas. Para isso, precisamos da oração. Aprendamos a escutar sua voz, a falar tranquilamente com Ele, do mais profundo de nosso coração!”, pediu o Pontífice, que estimulou os jovens a “cultivar a vida interior, como fariam em um jardim, ou no campo”, e “compartilhar com Ele o que possuem em seu coração, os temores e preocupações, seus sonhos e esperanças”.
Desse modo, exortou os jovens a “escutar o Senhor e proclamar sua vida, seja qual for sua vocação: sacerdotes, consagrados, casados... sejam corajosos, sejam generosos e, sobretudo, sejam felizes”, acrescentou o Papa, que os animou a “não ter medo de acreditar na misericórdia de Deus, porque possui um nome e um rosto: Jesus Cristo”, e a “levar uma palavra de esperança à Igreja em seu país e no mundo”.
“Não tenham medo de gerar confusão, de fazer perguntas que façam as pessoas pensar. E não se preocupem se, às vezes, sentem que são poucos e dispersos”, destacou. “Peço-lhes que gritem, mas não com a voz, que gritem com sua vida, com seus corações, de modo a ser sinais de esperança para os que estão desanimados, uma mão estendida para o doente, um sorriso acolhedor ao estrangeiro, um apoio carinhoso ao que está sozinho”, concluiu.
Eis a homilia do Santo Padre, na missa com os jovens de Mianmar.
Quando já se aproxima do fim a minha visita à sua linda terra, uno-me a vocês para agradecer a Deus
pelas muitas graças que recebemos nestes dias. Contemplando-lhes,
jovens de Mianmar, e a todos aqueles que nos acompanham fora desta
catedral, quero partilhar uma frase da primeira Leitura de hoje, que
ressoa dentro de mim. Tirada do profeta Isaías, é retomada por São Paulo
na sua carta à jovem comunidade cristã de Roma. Escutemos mais uma vez
estas palavras: “Como são belos os pés daqueles que anunciam boas
notícias!” (Rm 10, 15; cf. Is 52, 7)
Queridos jovens de Mianmar, senti o desejo de aplicar a vocês estas palavras, após ter ouvido suas vozes, hoje, enquanto cantavam. Sim, como são belos os seus pés, e é bom e encorajador ver vocês, porque nos anunciam “uma boa notícia”, a boa nova de sua juventude, de sua fé e do seu entusiasmo. Claro, vocês são uma boa notícia, porque são sinais concretos da fé da Igreja em Jesus Cristo, que nos traz uma alegria e uma esperança que jamais terão fim.
Alguns se interrogam como é possível falar de boas novas quando tantos sofrem ao nosso redor. Onde estão as boas novas, quando tanta injustiça, pobreza e miséria estende a sua sombra sobre nós e o nosso mundo? Contudo, gostaria que deste lugar partisse uma mensagem muito clara. Gostaria que as pessoas soubessem que vocês, homens e mulheres jovens de Mianmar, não têm medo de acreditar na boa nova da misericórdia de Deus, porque essa boa nova tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. Como mensageiros desta boa nova, estão prontos para anunciar uma palavra de esperança à Igreja, ao seu país, ao mundo inteiro. Estão prontos para anunciar a boa nova aos irmãos e irmãs que sofrem e precisam das suas orações e da sua solidariedade, mas também da sua paixão pelos direitos humanos, pela justiça e pelo crescimento daquilo que Jesus dá: amor e paz.
Mas, também gostaria de propor a vocês um desafio. Ouviram com atenção a Primeira Leitura? Nela, São Paulo repete três vezes a palavra “sem”. É uma palavra pequena, mas que nos faz pensar sobre o nosso lugar no projeto de Deus. De fato, Paulo formula três perguntas que eu gostaria de apresentar, pessoalmente, a cada um de vocês. A primeira: “Como irão acreditar sem terem ouvido falar d’Ele?”. A segunda: “Como irão ouvir falar, sem um mensageiro que O anuncie?”. A terceira: “Como o mensageiro irá anunciar, sem ser enviado?” (cf. Rm 10, 14-15).
Gostaria que todos vocês pensassem profundamente nestas três questões. Mas, não tenham medo! Como pai (talvez fosse melhor dizer avô!) benévolo, não quero lhes deixar sozinhos diante de tais perguntas. Permitam-me oferecer alguns pensamentos que possam lhes conduzir no caminho da fé e lhes ajudar a discernir aquilo que o Senhor pede a vocês.
A primeira pergunta de São Paulo é: “Como irão acreditar sem terem ouvido falar d’Ele?”. O nosso mundo está cheio de tantos ruídos e distrações que podem sufocar a voz de Deus. Para que outros sejam chamados a ouvir falar d’Ele e a crer n’Ele, precisam O encontrar em pessoas que sejam autênticas, pessoas que sabem como ouvir. Certamente, é o que vocês pretendem. Mas, só o Senhor pode lhes ajudar a ser genuínos. Por isso, falem com Ele na oração. Aprendam a ouvir a sua voz, falando serenamente com Ele no íntimo do seu coração.
Mas, falem também com os Santos, com os nossos amigos no Céu que podem lhes inspirar. Como Santo André, que hoje festejamos. Era um simples pescador e se tornou um grande mártir, uma testemunha do amor de Jesus. Porém, antes de se tornar um mártir, cometeu os seus erros e precisou ser paciente, aprendendo gradualmente como ser um verdadeiro discípulo de Cristo. Também vocês não tenham medo de aprender com os seus erros! Que possam os Santos lhes conduzir até Jesus, ensinando-lhes a colocar as suas vidas nas mãos d’Ele. Sabem que Jesus é cheio de misericórdia. Então, partilhem com Ele tudo o que possuem no coração: os medos e as preocupações, os sonhos e as esperanças. Cultivem a vida interior, como fariam com um jardim ou um campo. Isso requer tempo, requer paciência. Mas, como um agricultor sabe esperar o crescimento da seara, assim também vocês, se tiverem paciência, o Senhor concederá a graça de produzir muito fruto, um fruto que depois poderão partilhar com os outros.
A segunda pergunta de Paulo é: “Como irão ouvir falar, sem um mensageiro que O anuncie?”. Eis, aqui, uma grande tarefa, confiada especialmente aos jovens: ser “discípulos missionários”, mensageiros da boa nova de Jesus, sobretudo para os seus contemporâneos e amigos. Não tenham medo de gerar confusão, de fazer perguntas que façam as pessoas pensar! Nem tenham medo se, às vezes, notarem que são poucos e dispersos por aqui e ali. O Evangelho cresce sempre a partir de pequenas raízes. Por isso, façam ser ouvidos! Gostaria de pedir a vocês para gritarem, mas não com a voz; gostaria que gritassem com a vida, com o coração, de modo a ser sinais de esperança para quem está desanimado, uma mão estendida para quem está doente, um sorriso acolhedor para quem é estrangeiro, um apoio carinhoso para quem está sozinho.
A última pergunta de Paulo é: “Como o mensageiro irá anunciar, sem ser enviado?”. No final da Missa, seremos todos enviados a partilhar com os outros os dons que recebemos. Isto poderia ser um pouco desanimador, já que nem sempre sabemos para onde Jesus pode nos enviar. Mas Ele nunca nos envia, sem ao mesmo tempo caminhar ao nosso lado e sempre um pouco à nossa frente, para nos introduzir em novas e magníficas partes do seu Reino.
No Evangelho de hoje, como é que o Senhor envia André e seu irmão Simão Pedro? Dizendo-lhes: “Sigam-me” (Mt 4, 19). Eis, aqui, o que significa o envio: não se atirar para a frente com as próprias forças, mas seguir Cristo! O Senhor convidará alguns de vocês a segui-Lo como sacerdotes, tornando-se assim “pescadores de homens”. Outros serão chamados a se tornarem pessoas consagradas. E outros, ainda, serão chamados à vida matrimonial, para serem pais e mães amorosos. Seja qual for a sua vocação, exorto-lhes: sejam corajosos, sejam generosos e, sobretudo, sejam alegres!
Aqui, nesta linda catedral dedicada à Imaculada Conceição, encorajo vocês a olhar para Maria. Quando disse sim à mensagem do anjo, Ela era jovem como vocês. Contudo, teve a coragem de confiar na boa nova que tinha ouvido e de a traduzir numa vida de fiel dedicação à sua vocação, de total doação de Si mesma e de completo abandono à solicitude amorosa de Deus. Como Maria, que todos vocês possam ser dóceis, mas corajosos em levar Jesus e o seu amor aos outros!
Queridos jovens, com grande afeto, confio todos vocês e suas famílias à sua intercessão materna. E peço, por favor, que se lembrem de rezar por mim. Myanmar pyi ko Payarthakin Kaung gi pei pa sei [Deus abençoe Mianmar]!
Catedral de Santa Maria, Rangum, quinta-feira, 30 de novembro de 2017
Queridos jovens de Mianmar, senti o desejo de aplicar a vocês estas palavras, após ter ouvido suas vozes, hoje, enquanto cantavam. Sim, como são belos os seus pés, e é bom e encorajador ver vocês, porque nos anunciam “uma boa notícia”, a boa nova de sua juventude, de sua fé e do seu entusiasmo. Claro, vocês são uma boa notícia, porque são sinais concretos da fé da Igreja em Jesus Cristo, que nos traz uma alegria e uma esperança que jamais terão fim.
Alguns se interrogam como é possível falar de boas novas quando tantos sofrem ao nosso redor. Onde estão as boas novas, quando tanta injustiça, pobreza e miséria estende a sua sombra sobre nós e o nosso mundo? Contudo, gostaria que deste lugar partisse uma mensagem muito clara. Gostaria que as pessoas soubessem que vocês, homens e mulheres jovens de Mianmar, não têm medo de acreditar na boa nova da misericórdia de Deus, porque essa boa nova tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. Como mensageiros desta boa nova, estão prontos para anunciar uma palavra de esperança à Igreja, ao seu país, ao mundo inteiro. Estão prontos para anunciar a boa nova aos irmãos e irmãs que sofrem e precisam das suas orações e da sua solidariedade, mas também da sua paixão pelos direitos humanos, pela justiça e pelo crescimento daquilo que Jesus dá: amor e paz.
Mas, também gostaria de propor a vocês um desafio. Ouviram com atenção a Primeira Leitura? Nela, São Paulo repete três vezes a palavra “sem”. É uma palavra pequena, mas que nos faz pensar sobre o nosso lugar no projeto de Deus. De fato, Paulo formula três perguntas que eu gostaria de apresentar, pessoalmente, a cada um de vocês. A primeira: “Como irão acreditar sem terem ouvido falar d’Ele?”. A segunda: “Como irão ouvir falar, sem um mensageiro que O anuncie?”. A terceira: “Como o mensageiro irá anunciar, sem ser enviado?” (cf. Rm 10, 14-15).
Gostaria que todos vocês pensassem profundamente nestas três questões. Mas, não tenham medo! Como pai (talvez fosse melhor dizer avô!) benévolo, não quero lhes deixar sozinhos diante de tais perguntas. Permitam-me oferecer alguns pensamentos que possam lhes conduzir no caminho da fé e lhes ajudar a discernir aquilo que o Senhor pede a vocês.
A primeira pergunta de São Paulo é: “Como irão acreditar sem terem ouvido falar d’Ele?”. O nosso mundo está cheio de tantos ruídos e distrações que podem sufocar a voz de Deus. Para que outros sejam chamados a ouvir falar d’Ele e a crer n’Ele, precisam O encontrar em pessoas que sejam autênticas, pessoas que sabem como ouvir. Certamente, é o que vocês pretendem. Mas, só o Senhor pode lhes ajudar a ser genuínos. Por isso, falem com Ele na oração. Aprendam a ouvir a sua voz, falando serenamente com Ele no íntimo do seu coração.
Mas, falem também com os Santos, com os nossos amigos no Céu que podem lhes inspirar. Como Santo André, que hoje festejamos. Era um simples pescador e se tornou um grande mártir, uma testemunha do amor de Jesus. Porém, antes de se tornar um mártir, cometeu os seus erros e precisou ser paciente, aprendendo gradualmente como ser um verdadeiro discípulo de Cristo. Também vocês não tenham medo de aprender com os seus erros! Que possam os Santos lhes conduzir até Jesus, ensinando-lhes a colocar as suas vidas nas mãos d’Ele. Sabem que Jesus é cheio de misericórdia. Então, partilhem com Ele tudo o que possuem no coração: os medos e as preocupações, os sonhos e as esperanças. Cultivem a vida interior, como fariam com um jardim ou um campo. Isso requer tempo, requer paciência. Mas, como um agricultor sabe esperar o crescimento da seara, assim também vocês, se tiverem paciência, o Senhor concederá a graça de produzir muito fruto, um fruto que depois poderão partilhar com os outros.
A segunda pergunta de Paulo é: “Como irão ouvir falar, sem um mensageiro que O anuncie?”. Eis, aqui, uma grande tarefa, confiada especialmente aos jovens: ser “discípulos missionários”, mensageiros da boa nova de Jesus, sobretudo para os seus contemporâneos e amigos. Não tenham medo de gerar confusão, de fazer perguntas que façam as pessoas pensar! Nem tenham medo se, às vezes, notarem que são poucos e dispersos por aqui e ali. O Evangelho cresce sempre a partir de pequenas raízes. Por isso, façam ser ouvidos! Gostaria de pedir a vocês para gritarem, mas não com a voz; gostaria que gritassem com a vida, com o coração, de modo a ser sinais de esperança para quem está desanimado, uma mão estendida para quem está doente, um sorriso acolhedor para quem é estrangeiro, um apoio carinhoso para quem está sozinho.
A última pergunta de Paulo é: “Como o mensageiro irá anunciar, sem ser enviado?”. No final da Missa, seremos todos enviados a partilhar com os outros os dons que recebemos. Isto poderia ser um pouco desanimador, já que nem sempre sabemos para onde Jesus pode nos enviar. Mas Ele nunca nos envia, sem ao mesmo tempo caminhar ao nosso lado e sempre um pouco à nossa frente, para nos introduzir em novas e magníficas partes do seu Reino.
No Evangelho de hoje, como é que o Senhor envia André e seu irmão Simão Pedro? Dizendo-lhes: “Sigam-me” (Mt 4, 19). Eis, aqui, o que significa o envio: não se atirar para a frente com as próprias forças, mas seguir Cristo! O Senhor convidará alguns de vocês a segui-Lo como sacerdotes, tornando-se assim “pescadores de homens”. Outros serão chamados a se tornarem pessoas consagradas. E outros, ainda, serão chamados à vida matrimonial, para serem pais e mães amorosos. Seja qual for a sua vocação, exorto-lhes: sejam corajosos, sejam generosos e, sobretudo, sejam alegres!
Aqui, nesta linda catedral dedicada à Imaculada Conceição, encorajo vocês a olhar para Maria. Quando disse sim à mensagem do anjo, Ela era jovem como vocês. Contudo, teve a coragem de confiar na boa nova que tinha ouvido e de a traduzir numa vida de fiel dedicação à sua vocação, de total doação de Si mesma e de completo abandono à solicitude amorosa de Deus. Como Maria, que todos vocês possam ser dóceis, mas corajosos em levar Jesus e o seu amor aos outros!
Queridos jovens, com grande afeto, confio todos vocês e suas famílias à sua intercessão materna. E peço, por favor, que se lembrem de rezar por mim. Myanmar pyi ko Payarthakin Kaung gi pei pa sei [Deus abençoe Mianmar]!
Catedral de Santa Maria, Rangum, quinta-feira, 30 de novembro de 2017
Leia mais
- O papa, a prêmio Nobel e o general. Convidados indesejados: os Rohingya
- Em meio à crise dos Rohingya, Francisco faz um pedido aos budistas de Mianmar: superar todas as formas de ódio
- Os Rohingya e os demais
- Francisco encara campo minado em Myanmar com os Rohingya
- Francisco evita a palavra 'Rohingya', mas pede que líderes de Mianmar respeitem todos os grupos étnicos
- Bangladesh. O maior campo de refugiados do mundo. Oitocentos mil Rohingyas
- Bangladesh. O maior campo de refugiados do mundo. Oitocentos mil Rohingyas
- Myanmar. Buda e Francisco de Assis. Papa Francisco se encontra com o Conselho Supremo dos Monges Budistas
- Com os budistas em Mianmar, a mensagem do Papa foi o encontro
- “Católicos e budistas juntos para curar as feridas do povo birmanês”. O desejo do Papa
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.