Peter Schulz foi professor do Instituto de Física "Gleb Wataghin"
(IFGW) da Unicamp durante 20 anos. Atualmente é professor titular da
Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp, em Limeira. Além de
artigos em periódicos especializados em Física e Cienciometria,
dedica-se à divulgação científica e ao estudo de aspectos da
interdisciplinaridade. Publicou o livro “A encruzilhada da
nanotecnologia – inovação, tecnologia e riscos” (Vieira & Lent,
2009) e foi curador da exposição “Tão longe, tão perto – as
telecomunicações e a sociedade”, no Museu de Arte Brasileira – FAAP, São
Paulo (2010).
Pela democracia e a ciência aberta
Texto
Fotos
Edição de imagem
Este
passeio pelos sítios do mundo começa aqui em casa mesmo com a coluna de
Reginaldo Moraes, vizinho nesse espaço virtual, sobre a transição
democrática na Espanha (“As transições políticas e o papel entorpecente
do medo”). O texto aborda um tema oportuno e atual para as nossas
paragens, mas oportuna é também a efeméride, pois em junho celebrou-se
na Espanha os 40 anos das primeiras eleições legislativas gerais naquele
país, após a morte de Franco dois anos antes. E recomendo aqui um
documentário lançado pelo El País, “Quando a Espanha aprendeu a
votar”: são 18 minutos com testemunhos de personagens, imagens e vídeos
da época. É sempre bom assistir a uma crônica que celebra a democracia.
Alguns anos antes dessas eleições discutiu-se uma
reforma de ensino na Espanha, no bojo da qual foram criadas em 1968 as
universidades autônomas de Madrid e Barcelona. Ambas estão nos rankings
das melhores universidades com menos de 50 anos, como era o caso da
Unicamp, um pouco mais velha e também fundada durante uma ditadura.
Passear pelos sítios dessas e outras universidades
europeias em agosto é quase tedioso: com as férias de verão, os portais
das universidades, de Lisboa a Helsinki, ficaram quase estáticos por
três semanas. O portal da Sorbonne exibiu nesse período uma imagem desejando boas férias, agora há dias vemos a de “bom retorno”
Restava
olhar para as agendas do que acontecerá a partir de setembro. Entre as
inúmeras possibilidades detive-me em uma universidade bem mais nova do
que a Sorbonne, mas mais antiga que as espanholas mencionadas: a
Universidade Livre de Berlim, fundada em 1948, não em uma ditadura, mas
devido à guerra fria, pois a universidade de 1810 ficara do outro lado
da cortina de ferro. No portal da Universidade Livre encontra-se a
versão em inglês da página sobre acesso aberto (à publicação científica),
vale a pena dar uma olhada: A universidade é signatária da ”Declaração
de Berlim para acesso aberto ao conhecimento em ciências e humanidades” e
o equivalente de seu conselho universitário recomenda a que todos os
seus membros publiquem em revistas de acesso aberto, para o que há um
fundo para cobrir os custos dessa iniciativa. Na agenda está previsto
para setembro o “Open Science workshop” e a programação aparece no sítio: www.fu-berlin.de/en/sites/open_access/termine/open_science_workshop.html.
Esse evento é bastante oportuno, no cenário em que
continua indefinida a queda de braço entre um consórcio de
universidades, sociedades científicas e bibliotecas públicas alemãs e a
Elsevier, uma das maiores editoras de periódicos científicos do mundo. O
consórcio alemão demanda um contrato com a Elsevier de abrangência para
todo o país, que deve incluir preços justos de assinaturas de
periódicos, acesso aberto de todos os artigos de autoria de
pesquisadores das instituições alemãs e acesso permanente aos artigos
completos de todas as publicações eletrônicas da editora. As
negociações, em novo impasse, já duram um ano. O consórcio também deverá
liderar negociações com outras duas gigantes desse mercado: a Springer e
a Wiley. (veja em: www.chemistryworld.com/news/german-universities-take-on-elsevier-/3007807.article). Leva a pensar...
Veja também no sítio da casa:
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